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Mostrando postagens de janeiro, 2020

cala a boca

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ele conta que o professor dele, Namgyal Rinpoche, dizia para os alunos que deviam gritar "you shut up" toda vez que o louco dentro deles surgisse. a frase completa era "you shut up and get out of the way" - você cala a boca e saia do caminho. ao lado do meu professor, Jangchub Reid eu não o conheci, mas pelas fotos dá pra ver que Namgyal era um homem grande. meu professor, Jangchub Reid, como todo aluno, tem histórias maravilhosas do professor dele. quando nos conta essas histórias, eu imagino o professor dele, que devia dar gritos muito altos. assim como meu professor, cuja voz muitas vezes parece sair de dentro de uma caverna muito grande e muito escura. eu adoro frases, e "you shut up and get out of the way" eu anotei em um dos meus caderninhos de ensinamentos de Dharma. mas, como toda frase que escutamos e gostamos e anotamos, eu esqueci dela. até esses dias. Venerável Namgyal Rinpoche como em tudo na vida, quando nos sentamos para prati

a qualidade da lentidão ou aquietando a louca dentro de mim

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fui dar uma olhada no texto de perfil que eu tinha no LinkedIn. ainda que eu não use muito o site. e encontrei, no meio da minha descrição de mim mesma, algo como "pratico meditação mindfulness diariamente para ser cada vez mais lenta". isso é verdade. mas eu excluí a frase. que não parece agregar ou descrever uma qualidade, mas sim uma insanidade. ontem eu havia saído de casa cedo, por volta das 9h. banho tomado, roupinha fresca, colar combinando, ia andando com a minha mochila pesada, carregando meu computador que não é tão pequeno nem tão leve quando vi, andando em minha direção, meu vizinho velhinho cujo nome eu desconheço (ou não lembro, porque eu confundo meus vizinhos velhinhos). - bom dia! - indo passear? - ele me pergunta, parando e dando a mão para me cumprimentar. - indo trabalhar. - mas a essa hora? então você é quem manda lá! - eu trabalho em casa. mas agora estou indo para uma reunião. seguimos o nosso caminho, ele indo pra casa, carregando sacolas plásti

Na casa da mãe morta

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Visitas são como peixe fresco. Duram dois ou três dias na geladeira. Depois disso, começam a feder. Eu, que fiquei 15 dias hospedada na casa do meu pai, no Sul do país, me esforcei para não feder MUITO. É um ato de bravura ficar tanto tempo como hóspede na casa de alguém. Ou de estupidez. Ou os dois juntos. Ficar na casa da mãe morta foi bom. Eu lembrei dela todos os dias. Todas as horas. E a lembrança dela me traz alegria. Na primeira noite, dormi com as janelas escancaradas, e a luz amarela do poste da rua que fica bem na frente da casa iluminava a sala. Foi uma noite linda. Eu dormia a acordava e dormia a acordava, digerindo a emoção que foi lançar meus livros em Porto Alegre. Combinamos, eu e a louca que mora dentro de mim, que esses dias na cidade em que nasci e de onde parti 24 anos atrás seriam as minhas férias. Aquela coisa de férias de quem tem salário eu não tenho faz três anos. E aquela coisa de férias de quem não tem salário eu também não tenho faz três anos. Trou