tentando ver o lado bom

ia acordar às 5:30 para meditar ANTES de sair do meu quarto e começar a corrida desenfreada do dia. mas antes de o despertador tocar eu acordei e mudei o horário para as 6:30. afinal, um dia sem meditar logo cedo não é tão mal assim.
hoje é dia de greve geral. eu não tenho ideia de como está o mundo lá fora, porque ainda não saí de casa. mas acabei marcando dois compromissos logo cedo. meu adorável faz-tudo viria às 7h para instalar a minha linda lavadora de roupas. e eu faria uma chamada de skype com um cliente para validar trechos do arquivo do livro dele que eu revisei.
saí da cama às 6:30 e fui voando pra cozinha arrumar a zona. ainda que o joel sempre atrase, eu não gosto nem de me atrasar nem de deixar visível que a minha casa está um caos, passados 15 dias que a ana veio limpá-la. tampouco gosto de tomar café da manhã correndo, :(
e então, lentamente, lavei toda a louça, preparei uma sopa para garantir o que comer no almoço e finalmente preparei o meu maravilhoso café da manhã que há meses mais parece um almoço do que um café porque não como mais cardoidratos na primeira refeição do dia.
o tempo ia passando, e eu, vestida, cozinha limpa, pensava ah, tudo bem o joel atrasar um pouco, afinal eu já arrumei tudo e já tenho até uma sopa pronta para o almoço, e ah, como é legal não ficar aflita e ir fazendo as coisas que têm de ser feitas.
esqueci de dizer: HOJE também é o dia que a ana vem na minha casa e a transforma num lugar limpo, arrumado, cheiroso e irreconhecível. ela vem uma sexta sim, outra não. e HOJE é a sexta-feira sim. mas hoje tem greve e os ônibus e os trens e os metrôs pararam em são paulo. isso quer dizer que a minha casa, descontando a pia da cozinha, tá uma pocilga.
enquanto eu ia comendo o meu café-da-manhã-que-parece-almoço e achando muito divertido o fato de eu estar aprimorando meus dotes culinários (cebolas refogadas no óleo de coco com pimentão e cogumelos, e queijo tipo camembert meio ordinário por cima de tudo), o joel me manda uma mensagem dizendo que "nem sequer" saiu de casa. hum, eram 8h, ele tinha de chegar às 7h, e eu pensei que bem que ele podia ter me dito isso às 6h30. mas pra quê?
saí da cozinha e avisei meu filho que ele não ia nem triscar no meu computador pra jogar, porque eu tinha uma reunião às 9h e precisava usar a máquina um pouco antes disso.
chego feliz à grande mesa da sala onde jogamos estudamos comemos e trabalhamos e começo a arrumar o meu escritório móvel. uma canequinha de café, um copo de água, o telefone sem fio da casa, o celular, minha agenda, umas folhas para a minha reunião. piiiim, toca o whatsapp. meu cliente acordou mega gripado e oh-oh, a reunião será remarcada para depois do feriado.
eu senti um frio na barriga quando, esta semana, os noticiários da rádio começaram a dizer que a greve geral seria grande. minha amiga que vai a manifestações me alertou: se eu não quisesse ir a nenhuma, que pelo menos ficasse em casa e não saísse - um adesão tímida à greve, sugeria.
eu pensei meu deus, mais um feriado? eu vou é viajar! mas um dia depois da minha animação repentina pensei que seria ótimo ficar em casa e resolver tantas coisas domésticas, como a minha máquina de lavar - a velha quebrou faz OITO dias e a nova que precisa ser instalada chegou faz TRÊS, o que significa que a pilha de roupas sujas já é uma montanha que transborda o gigantesco cesto de roupas sujas da casa. também pensei nas estradas paradas hoje e me senti uma tola, fiquei com medo e fiquei em são paulo.




quer saber? vou agora à lavanderia "tipo as que têm na europa e nos estados unidos", como me informou por telefone a dona do lugar, colocar pra lavar a montanha de roupas da família. e depois vou aproveitar pra passear de bicicleta e curtir não ter quase nada pra fazer.
mentira. há gavetas entupidas de papéis na minha casa, e eu preciso dar um jeito nelas. arrumando ou não as gavetas, vou aproveitar o ócio e esses longos quatro dias para não fazer quase nada.
"e a sua reunião, o cliente já entrou?", pergunta meu filho, do sofá. "não, ele cancelou, está doente." "ele cancelou? ótimo!" e lá vai ele jogar um jogo bizarro que meninos adoram jogar no computador - e cujo significado e motivo de alegria eu não entendo.

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