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Mostrando postagens de junho, 2015

mãe também é gente. bitte.

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Era pra ser mais um dia das mães.  Eu sempre acho que essas datas são mais bestas do que legais, mas percebi que não é bem assim quando meu filho disse que ia passar o fim de semana na casa do pai dele, no Rio de Janeiro. Justo no dia das mães. Mas como acho horrível forçar crianças a agradar adultos e suas expectativas restritas, egoístas e bestas, achei ok ele ir depois de perguntar várias vezes se ele tinha certeza de que queria passar o dia das mães com o pai dele e a madrasta. Assim, estávamos só minha filha e eu em casa no fim de semana. Sabia que queria duas coisas no domingo: não cozinhar e ganhar presente! No caso de mães que não têm maridos, cabe às próprias providenciar seus desejos – uma vantagem, uma alegria, essa coisa de não ficar esperando ninguém fazer o que você gostaria que fosse feito! Então sábado cedo fui de bicicleta até um pastifício perto de casa para comprar massas frescas e molho para o almoço de domingo. E ainda ganhei um galho enorme e lindo de ma

bonitezaterapia

chegamos ao apartamento dela tarde da noite. não era esse o plano, mas o ônibus atrasou quase duas horas. trânsito em véspera de feriado, explicou o motorista. lerdeza, me falou uma passageira ao desembarcarmos na rodoviária do rio. minha amiga tinha ficado acordada nos esperando, porque senão não conseguiria acordar para abrir a porta pra gente, me explicou. fiquei constrangida, porque quase meia-noite não é hora pra chegar na casa de ninguém, a não ser do seu marido, e olhe lá. senti um conforto ao olhar pela sala os brinquedinhos do pequeno edgar pelo chão. e ao ver nossa cama arrumada no escritório, onde a alice tinha passado algumas horas na última semana arrumando umas bagunças pra nos receber. no outro dia, ao acordar, dou de cara com o mar. as janelas do escritório davam pro mar, e a da sala também. meu deus, que bonito. a praia vazia, uma ou outra pessoa andando no calçadão, e aquele mar verde enorme liso, com navios lá no fundo, e barquinhos andando no meio daquela água to

o teto solar

quando minha mãe ficou doente, e todos sabíamos que ela ia morrer, eu tinha muita falta de ar. eu andava pela cidade com o teto solar do meu carro sempre aberto. eu tinha a sensação de que o ar que entrava pelo teto era forte para acabar com a minha falta de ar. é claro que era só uma fantasia minha. uns dias antes de ela morrer, minha filha e eu fomos sequestradas. eu fiquei com muito medo, mas tanto medo, que rezei durante os 45 minutos em que fiquei sentada na areia de um campo de futebol, numa ladeira sinistra na favela. depois eu dirigi bem bonitinha até em casa, dizendo pra minha filha que tínhamos de perdoar os malacos que haviam nos sequestrado e ido às compras com o meu cartão do banco enquanto eu e ela olhávamos formigas que andavam lentamente sobre a areia quente do campinho do futebol. quando eu cheguei em casa e encontrei meu filho - quando a gente é sequestrada a gente pensa que os malacos podem nos roubar tudo: a coragem, o carro, o dinheiro e até nosso filho que tá e