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Mostrando postagens de outubro, 2017

quase 12 anos atrás: por que a simplicidade é complicada?

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um dia depois de escrever sobre a minha vida com menos coisas e mais alegrias , encontro o texto que segue nos arquivos do meu computador. escrevi isso quase 12 anos atrás, no dia 31 de março de 2006. eu tinha acabo de me separar. meu filho faria 4 anos dali a 10 dias. e minha filha ia fazer 1 ano dali a 15 dias. ... Quando resolvi me separar, para meu espanto, eu não tinha nenhum papelzinho com prós e contras, não era corna, não estava apaixonada. Foi simples. A decisão estava tomada e eu tinha de segui-la. Porque sei que é a decisão mais lúcida da minha vida. E ela, a decisão, apareceu para mim. Não foi milagre, não tive nenhuma visão. Simplesmente foi assim. Agora só fico pensando em como casei com uma pessoa tão distante. Mas foi muito amor, tanto amor que nasceram dois filhos. Fortes, maravilhosos, e que são minhas estrelas, hoje mais do que nunca. Tava pensando que a dor de uma separação, mesmo desejada, é tanta, que tenho de escrever pra aguentar. Mas quem vai querer

nunca me senti tão rica

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eu estou há dias pensando nisso. pensando em escrever sobre a minha riqueza. estou dura de marré marré marré. desempregada desde março. fazendo um trabalho aqui, outro ali, mas nada que pague todas as contas da minha pequena família. e nesses meses de busca por um emprego, por frilas, por equilíbrio, por alegria para lidar com a vida familiar, eu tenho me sentido muito rica. parece irônico, e eu sei disso.  cresci numa família endinheirada. hoje entendo mais do que entendia quando era criança. para as crianças, a menos que você seja criada por monstros, o dinheiro nunca é a parte mais importante da vida. e eu sabia que morava numa casa grande, que tinha um guarda noturno que nenhum amigo tinha e que podia ser sequestrada, segundo a minha mãe. mas eu não tinha noção da realidade como ela era.  hoje eu tenho.  minha família endinheirada se foi. casei duas vezes e nunca herdei nada dos casamentos. sempre achei uma barbaridade uma mulher com dois braços, duas pernas e um cérebro receber

Só sendo uma santa

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Parte do cansaço de criar filhos vem da minha loucura. Após anos jurando que não serei como meus pais, dia desses, conversando com o meu filho, escutei sair da MINHA boca que eu, na idade dele, “corria, fazia ginástica, dançava num grupo da escola” e não sei o quê mais. Assim que terminei a frase, morri de vergonha. O que é que os meus filhos têm a ver com o que eu fazia ou não fazia na idade deles? E o que eles têm a ver com o que eu quero que eles façam? Toda a teoria de “boas práticas” no lar escoa pelo ralo. E eu fico pensando por que é tão tentador repetir as frases bestas que eu ouvia quando eu era criança e que eu achava tão abomináveis. Falar que aceitamos os filhos como são, uns CDFs, outros folgados, uns comilões, outros anêmicos, uns extrovertidos, outros quietinhos, uns fortes e outros nem tanto, é dureza. Aí vem mais dureza: depois de aceitá-los como são, ver e perceber que eles não pensam como nós, não agem como nós, não vivem como nós. Socorro. E é s

Coisas deleitáveis

(o texto abaixo foi escrito depois que eu li uma crônica homônima do Paulo Mendes Campos no livro "As cem melhores crônicas brasileiras". depois de escrever as "coisas abomináveis" , agora é a vez da lista das "coisas deleitáveis". é título foi copiado. uma homenagem, ainda que singela, a um texto sensacional) Estrada vazia; pinhão cozido vendido na estrada que liga o Paraná aos pampas; andar na mata com um bom guia; canivete suíço; festa com boa música; gente inteligente; gente divertida; criança brincando; sapo coaxando à noite; banho de mar quando o sol já se pôs; ver o sol nascer no mar; terminar uma longa caminhada; restaurante de beira de estrada limpo; armário com pouca roupa; sorvete com pouco açúcar; a cama da gente; o sol entrando pela janela; a lua iluminando a mata; ver um baiano abrir um coco pra você; tomar chimarrão na praia; doce de leite argentino; viajar de carro pelo Uruguai; farol em qualquer praia deserta; frango com chocolate e p