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Mostrando postagens de agosto, 2020

às vezes eu até converso com o motorista

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 - tá um sol lindo. amanhã vai esquentar. - é, mas hoje cedo tava 9 graus. - tem gente feliz de poder usar casacos caros para o frio que estavam no armário. - é. eu doei todos os que eu tinha quando me mudei pra cá. você é de onde? - estou aqui há muito tempo. sou de pernambuco. moro aqui há 25 anos. - eu também. sou do sul. a gente vem pra cá e nunca mais volta, né? - eu quero voltar. - eu também. - ah, se fosse pro mesmo lugar, a gente já enchia um caminhão. - meu filho fará vestibular ano que vem. minha filha ainda tem três anos de escola. - a minha está fazendo enfermagem. tem 18 anos. - o meu filho também tem 18, e também faz um técnico. mas não é enfermagem, é administração hospitalar. - o sonho da minha filha é fazer medicina. mas só se conseguir uma bolsa de 100%. - o do meu filho também. mas só se for em faculdade pública. tchau. muito obrigada. tudo de bom. - tchau.

a casa da gente e o mundo ideal que não existe

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não nos falávamos havia um tempo. mas uma amiga que vai fazer um evento numa faculdade me pediu a indicação de um jornalista , e eu sabia que ele, jornalista como eu, podia indicar alguém. foi uma troca de mensagens rápida. oi, como vai?, tudo bem e você?, as crianças em casa, sim, que coisa essa quarentena que não termina nunca. aí eu disse que estávamos cozinhando muito, e que é uma coisa maravilhosa que aquece e alegra a nossa casa. ao que ele sugeriu que eu criasse um canal no youtube com vídeos sobre o tema. não sobre cozinhar, mas sobre filhos que cozinham. e lavam a louça. e limpam banheiro.  eu fiquei com isso na cabeça por alguns dias. mas preciso de um trabalho que me remunere para pagar a escola dos meus dois filhos e comprar a nossa comida, pelo menos, e isso não acontece com canais no youtube (a menos que você seja o 1 em 1 milhão que ganha dinheiro com isso). mas depois que a vontade de gravar vídeos passou, fiquei pensando em como eu NÃO gostaria de expor a minha vida do

como é fácil perder-se no futuro

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faz uns dias que percebi que meu quarto não ficava muito iluminado quando eu acendia a luz. olhando um pouco mais atentamente, tive a impressão de que uma das lâmpadas tinha queimado. as lâmpadas ficam escondidas num vidro fosco e não dá pra ver quando uma queima. mas dá pra perceber. peguei a escada, subi e facilmente tirei o vidro - que tem um nome, mas não lembro agora. sim, eu estava certa no meu diagnóstico. peguei uma lâmpada nova, tirei a velha, parafusei a nova e um dos macacos que mora no meu cérebro e pula a maior parte do tempo entre um pensamento e outro disse "não deve ser a lâmpada, deve ter algum fio com problema, e será preciso ligar para o Denis, pra ver quando ele pode vir aqui". a metáfora dos macaquinhos é usada pela Susan Kaiser Greenland, uma professora que ensina mindfulness para crianças e para os pais das crianças. trocada a lâmpada, surpresa! meu quarto voltou a ficar iluminado. agora só faltava lavar o vidro, secá-lo e encaixá-lo de volta. limpeza