a poderosa lição dos chatonildos e dos nossos inimigos

"inimigos, quem tem inimigos além das pessoas do colegial de filmes americanos?", pergunta a minha filha.
talvez seja um pouco exagerado usar essa palavra, e eu nem tenho inimigos. mas tenho uma coleção de pessoas de quem eu não gosto. chatinhos em geral, gentes que me irritam, que fazem dizer coisas irônicas das quais depois eu me arrependo. gente que me faz desconfiar das suas intenções, e cujos olhares costumam me incomodar.
chatonildos podem nos tirar do prumo, fazer a nossa irritação atingir níveis estratosféricos. às vezes podem nos fazer mostrar o nosso pior, o lado mais mesquinho, mais agressivo, mais abominável.
mas eu queria falar BEM deles. e por isso me sentei para escrever este texto.
tem um vídeo belíssimo com a monja Jetsunma Tenzin Palmo sobre paciência, em que ela diz que o antídoto da raiva é a paciência - uma das perfeições, de acordo com o budismo.




diz ela que "nossos inimigos são os nossos maiores amigos espirituais, porque eles estão nos ajudando a enriquecer essa qualidade [paciência] sem a qual não teremos a iluminação". 
mas não é só isso. ela vai além. "devemos pensar 'oh, obrigada, você é tão horrível, e isso é ótimo! agora eu posso realmente praticar e transformar a situação toda."
o vídeo é curto, tem um pouco mais de 6 minutos, e está em inglês. vale ouro.
mas todo esse pensamento começou quando eu estava estudando o texto que o meu professor entregou na última aula em que estive com ele. eu estava em casa, num momento ó-vida-que-dureza-pobre-de-mim quando dou de cara com a seguinte transcrição do ensinamento do meu mestre: "você pode passar um tempo com pessoas de quem você não gosta, pessoas com quem você não se sente confortável. e tente perceber, internamente, por que isso acontece, por que você se sente assim. não há professores mais poderosos do que as pessoas."
que alívio. eu respirei em grande relaxamento. lembrei que os chatonildos, insuportáveis e inimigos estão aí para nos transformar, melhorar.
quanto mais eu medito, mais fácil fica de desgrudar do excesso de sentimentos, e a raiva e o asco são dois deles.
para encerrar, tomo emprestado outro pensamento da bela Jetsunma Tensin Palmo: "então, em vez de pensar que essa pessoa cria vários problemas pra gente, em vez de ficar bravo - pois quando ficamos furiosos, estamos fazendo para nós o que o inimigo gostaria de fazer -, se eu transformar a minha raiva em uma oportunidade de transformação e seguir adiante, nada poderá me ferir".






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