namastê

fomos e voltamos. viajar é fácil, mas voltar exige um pouco de esforço. andar devagar feito uma lesma feliz para ir à praia é a coisa mais fácil do mundo. mas continuar me mexendo na velocidade de uma lesma na frente do computador, com papéis e listinhas ao meu lado, é duro. mas eu consegui. levei um dia inteirinho para fazer umas poucas coisas - poucas, mas que exigem concentração, como arrumar a casa para a pequena reforma que começa amanhã, mandar os papéis para o contador, comprar mantimentos para a casa e organizar umas contas.

chegamos à casa da praia no fim do dia. minha ideia era colocar meus chinelos e andar até a praia, para ver e saudar o mar e a areia. mas a lívia estava cansada e com fome, e éramos as primeiras a chegar na casa. acendemos as luzes, olhamos os quartos, ligamos para a nossa anfitriã para saber em qual quarto poderíamos dormir.
chacha chegou tão tarde que eu não vi. quando acordei, a casa estava em silêncio. fotografei uma das janelas da sala, para não me esquecer de como a casa e seu jardim são maravilhosos. fui pra praia com a lívia. a chacha dormia e a joelma ainda estava em são paulo.
 lívia, lara e yan no barco com o qual subimos um pedaço do rio pojuca. depois cruzamos de uma margem à outra numa tirolesa, no melhor estilo adolescente. eu estava morrendo de medo, e fui a última a me jogar. como uma anciã, me sentei na torre de três andares à la cabana do tarzan e me joguei assim, de bunda. mui tranquilamente, cheguei à outra margem do rio, onde a turistada - e a minha filha - me aguardavam. depois remei num caiaque com a lívia, pelas águas mansas, e a lívia se jogou na água gelada, cheia de coragem.
 entre uma chuvarada e outra, o sol brilhava. e a água do mar esteve turva quase o tempo todo. mas num dia, quando já não era mais lua cheia e o mar se aquietou, a água estava assim, tão límpida que dava para ver a "cutícula dos dedos dos pés", como dizia o meu primeiro marido. consegui fotografar os peixinhos que davam beijinhos nas nossas coxas. lindo de chorar.
muitos anos atrás fui pra bahia pela primeira vez. o fábio e eu, de carro, desde são paulo. uma viagem maravilhosa, cheia de chuva, livros e alegria. conhecemos uma porção de praias do litoral baiano, e para fugir da chuva nos tocamos pro sertão, e chegamos a lençois, na chapada diamantina.
esta foi a minha quarta viagem à bahia, e agora vou para de contar, porque é tão besta...
mais de dez anos atrás, tinha visitado as ruínas do castelo de garcia d'ávila, e tinha achado mega sem graça. desta vez, fomos a cavalo. eram sete cavalos, andando em fila indiana. apeamos, e fomos andando até as ruínas. agora uma ong construiu um pequeno museu na entrada, e calçou o caminho que leva até o castelo. a entrada é paga, e tudo ficou meio metido. mas o sol ia ser por, a luz estava maravilhosa, e a visita foi linda. não há placas para contar a história do lugar, o que é uma pena. mas era tão lindo que ficamos emocionados.
voltamos pela praia, e as crianças atravessaram um pequeno rio montadas em seus cavalos. vimos o céu estrelado, e a escuridão maravilhosa da noite na beira da praia.
chegamos exaustos e famintos. e quando perguntei à minha filha do ela mais tinha gostado das férias, ela me disse: "do passeio a cavalo".

no dia da despedida, a joelma reservou uma mesa debaixo de uma árvore num hotel bacana. e lá fomos nós. joelma, a filha dela, lara, o ticiano, o sobrinho, eu, a lívia e o yan, filho da nossa anfitriã - que já tinha voltado pra labuta, em feira de santana.
meu deus do céu. a bahia é exuberante em todos os sentidos. banana da terra assada com açúcar e canela e fruta do conde incluídos.
 il dolce far niente.
namastê. essa foto eu pedi pra lívia tirar, quando estávamos esperando o embarque no aeroporto de salvador. estávamos voltando pra casa, com a alma lavada.
e eu agradeço a deus por ter amigas como a chacha e a joelma. "qualquer maneira de amor vale a pena, qualquer maneira de amor vale amar."
...
chegamos.
choveu muito. e a casa estava vazia.
os barulhos do vento me acordavam.
estou lenta.
sinto o vento,
olho pra minha filha
e olho os galhos das árvores balançando.
respiro devagar
e penso em ti.
respiro devagar
e feliz.

Comentários

  1. ai que saudade me deu de ti!!!!!! ai vim aqui ver se tu já tinha voltado da Bahia...que delícia!!!! adorei os post. matei saudades lendo os antigos. mesmo longe te sinto perto! obrigada! beijos saudosos, Ana

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    1. querida, sigo lentinha, aproveitando meus adoráveis dias de férias. beijos pra ti!

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  2. ai que delicia de viagem!!!saudades!!! Rafa

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