o fim do mundo - parte I

chegamos ao salão da pousada já era quase meio-dia. uma moça apareceu da cozinha, e eu perguntei se ainda tinha café da manhã, mesmo vendo uma mesinha posta com dois lugares.
sim, tinha café.
o significado da simplicidade ficou muito claro. pão, bolo de laranja, mel e melado, duas jarras com sucos naturais (e sem açúcar!) cobertas com linho e tule. na mesa, potinhos de açúcar branco e mascavo, e dois potinhos sobre um pequeno suporte de madeira, um com manteiga, outro com geleia.
fui à cozinha perguntar do que era a geleia. geleia de abacaxi com hortelã, me responde a edelnice. pergunto se ela pode nos ensinar a fazer. não, não podia. não tinha tempo. estava acabando de fazer outra geleia, dessa vez de abacaxi com limão - enquanto ela ia me falando, despejava aquela geleia amarelinha nos vidrinhos, com a ajuda de uma enorme colher de pau.
meu deus!
em êxtase, minha filha e eu ficamos comendo, "estou comendo até morrer", me diz a lívia, alegre e serenamente. "com tanta coisa boa não dá pra comer pouco."
...
a vista que tenho olhando pela janela é árida. muito árida. tenho a impressão de que aqui é mais seco do que no serão baiano.
redes e espreguiçadeiras de madeira e mesinhas ficam espalhados pelo terreno, entre árvores e arbustos, num convite à contemplação, ao silêncio, ao não fazer nada, não dizer nada.
êxtase.
...
em são gonçalo do rio das pedras, minas gerais.
 chaise longue na varanda da pousada em são gonçalo
 fogão à lenha feito sobre madeira
 caminhada pelas pedras até a cachoreira da rapadura
 esperando o almoço no bar do pescoço
  o por do sol a partir do laboratório do índio, que fabrica quintessências
  

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

a minha longa história com o dr. kong

sobre a ânsia de nunca (querer) parar

o farol fechado e a pedestre boba (e feliz)