férias sem a mamããããããe, ele gritou

"férias sem a mamãe. eu posso fazer o que eu quiser." ele me olhou bem sério quando disse isso, no avião. ele estava em êxtase. pela primeira vez nos quase 9 anos do cara, ele iria passar férias sem esta que escreve. ele não se lembra, mas já passou trocentas férias com o pai e a madrasta. mas essas ele não conta. ele também já passou duas semanas só com os avós em são paulo, e outras duas semanas só com os avós em porto alegre. mas DESTA VEZ ele estava em êxtase.
e eu, claro, estava preocupada. DESTA VEZ. porque das outras nunca estive. algo do tipo "segura na mão de deus e vai". que imagino ser o mantra das moças que depois de ter filhos se separam do progenitor. estamos todos bem, passados nove dias que estou em são paulo enquanto meus filhos tomam banho de mar no exuberante mar gaúcho (o exuberante é uma piada, claro).
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férias de filho para uma mãe são o nirvana. aliás, o que vem DEPOIS do nirvana? não sei, mas é isso. casa vazia, silêncio, nenhuma empregada, nenhuma horário "familiar". eu estou me comportando suuuuuuper bem. cozinho todos os dias, arrumo a casa, uma lindeza. lembro de quando éramos pequenos, e minha mãe passava dois meses inteiros com a gente na praia. meu pai só vinha aos finais de semana. íamos à telefônica no meio da semana para dar oi pro pai e pedir "coisas que tínhamos esquecido de levar pra praia". às sextas, quando ele vinha de porto alegre, minha mãe fazia exuberantes cucas de uva, e nós ficávamos esperando o velho chegar, morrendo de alegria.
meus filhos não têm isso. eu sou descasada, trabalho, não fico na praia dois meses. aliás, nem casa na praia eu tenho. mas acho que as alegrias são equivalentes.
toda vez que vamos pra porto alegre, onde moram os avós maternos, as crianças enlouquecem de felicidade. e desta vez a gente quase morreu de alegria. passamos o natal com o meu irmão, a minha cunhada e as meninas, coisa que não acontecia tinha quatro longos anos.
eu voltei pra são paulo gorda e feliz. e as crianças ficaram, animadíssimas. e com um pouco de saudades. o joão não fala disso, mas eu escuto pela voz dele. a lívia chorou, e eu pensei se não era cedo ela ir pra praia com os avós e sem a mãe. talvez tenha sido, mas ela está passando dias mais felizes do que se estivesse aqui comigo, na cidade cinza, onde mamãe trabalha 12 horas por dia.
falta somente um dia pra eles voltarem. eu estou morrendo de saudades. é engraçado como o amor é tão grande que parece que nunca vai caber no coração. mas sempre cabe mais. graças a deus. eu odiaria ter de um dia medir o amor.
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me sinto feliz e cansada. no filme que vi ontem, a tristeza era mostrada de um jeito muito belo. a mulher não parava de chorar e não dava conta de cuidar dos quatro filhos. o menor não falava, até dizer "eu não quero morrer". a única filha subia numa árvore o dia todo, o irmão a achava maluca mas também estava fixado na árvore, e o mais velho tomava o uísque do pai. "ele não vai mais tomar", ele disse aos irmãos menores. puta que merda. eu chorei muito, e minha garganta ficou muito apertada muitas vezes.
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tudo passa. e isso também passará. me disse um namorado, há muitos e muitos anos.

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