la felicità

ele me disse que acabou com o perfil dele no facebook. não era nada de mais, mas ele achava que a vida dos outros era mais divertida que a própria. eu não acreditei quando ele me disse isso. mas ele continuou, sério: "e falei pra minha analista. o facebook é ruim pra autoestima".
achei esquisito. eu acho tudo do facebook tão fake, tão over. aquelas fotos de gente feliz, de dez anos atrás, com 15kg a menos, pelamordedeus. e as fotos das famílias doriana? e as frases de amor?
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falávamos sobre trabalho, e sobre uma vaga a que meu amigo está concorrendo. tudo top secret, eu ouvindo atentamente, ele dizendo "tita torce por mim". e então ele disse que precisa trabalhar num lugar em que as pessoas sejam valorizadas. eu ri e disse que eu também. mas ele foi enfático. ele precisa muito disso. fiquei pensando: o cara é inteligente, competente, educadíssimo, trabalha muito bem - já trabalhamos juntos - e ainda por cima é belíssimo. hellooooooooo!, imagina se o cara fosse um bosta?
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ela estava fazendo um trabalho para um curso, e começou a estudar a vida da frida kahlo. quando chegou ao acidente dela, minha amiga adoeceu.
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conversávamos sobre algo que me fez dizer ao meu irmão que eu era independente. pode ser uma qualidade, mas eu acho que mais pode ser um defeito. ele, em êxtase, disse que isso era excelente. estou procurando o lado excelente e ainda não o encontrei. mas como faz só dois dias, talvez ainda seja cedo para conclusões precipitadas de uma pessimista.
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você pode me ajudar?, perguntei. não, ele disse. obrigada, falei, e desliguei. tu tu tu tu.
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eu não acredito em dias melhores. e isso me parece o fim do túnel.
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eu estava andando devagar. ia almoçar sozinha num restaurante perto de casa. e pensei no caio. entro no restaurante, digo que estou sozinha, escolho uma mesa, largo bolsa capa de chuva guarda-chuva e compras da papelaria e farmácia. vou lavar as maõs. ando feliz em direção aos pratos para me servir e quem vejo? o caio. ele não acredita em coincidências. nem eu.
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as aulas de dança iam começar hoje. depois de anos na lista das "coisas a fazer", a dança ia virar uma atividade. e então ela chegou, a tristeza avassaladora. não pude ir.
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tem madrugadas em que tenho a nítida sensação de que não vou dar conta. depois, de manhã, quando o despertador me acorda às 5h e eu sinto que não dormi nada a noite toda, uma suave sensação de força me faz levantar da cama, arrumar as lancheiras, chamar as crianças, me aprontar e seguir. mas de novo vem outra madrugada.
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sonhei com um publicitário milionário e não muito simpático. no sonho, estranhamente, ele era amável - na vida "real" ele costuma ser gentil comigo, coisa que eu nunca entendi. voltando ao sonho, ele achava um táxi num lugar onde não havia táxi e ainda pagava a fortuna que o cara cobrava para me levar em casa. o cara, o publicitário, ainda fazia isso de bom humor, com visível doçura. acordei com falta de ar.
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ele não teve tempo de ouvir meu sonho na sessão de análise. só deu tempo de falar da loucura. e fiquei muito cansada. mesmo depois de quase 20 anos. eu sou forte, mas eu canso. muito. para os dois casos.

Comentários

  1. Querida,

    ando correndo,mas não deixo de pensar em ti.Vou te mandar algo que escrevi e que, entre outras coisas, fala de famílias doriana nos murais do FB.
    Também às vezes acho que não vou dar conta...
    Saudades,
    Dani

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    1. pensei tanto em ti ontem. estive em porto alegre, olhei muito pro rio. lembramos de ti, o heine e eu! bjs com saudades.

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