a primeira vez

eu sempre ouvia de amigas casadas e com filhos que eu pelo menos tinha folgas. claro que nessa conclusão minhas amigas não incluíam a "carga dobrada" que mães que criam filhos sozinhas têm. acordam sozinhas fazem o café da manhã sozinhas levam o filho pra escola buscam da escola e arrumam o almoço e coordenam as atividades fora da escola e dão o jantar e colocam na cama todos os dias.
escrevo enquanto meu filho dança enrolado na toalha, todo molhado, e minha filha me pergunta como se escreve patricia.
mas voltando às folgas sobre as quais falava, não há mais folgas. primeiro minha filha disse que não iria passar fins de semana na casa do pai. depois, meu filho falou o mesmo.
eu acho que mulheres desenvolvem dispositivos chamados "vou dar conta" depois que dão à luz. sem esses dispositivos, jamais seríamos capazes, pais e mães, de dar conta do recado.
neste momento os pequenos selvagens gritam e se jogam contra o sofá. a vida sem açúcar seria, definitivamente, mais calma. eles comeram cookies que fizemos à tarde, e estão em ebulição, literalmente.
e então teríamos um feriado enorme. meu filho iria viajar e desistiu nos 46 min do segundo tempo. leia uma hora, mais ou menos, antes de o pai dele o buscar.
e então fiz uma listona de "coisas a fazer antes de viajar". sim, as férias da família começam daqui a uma semana.
primeiro, uma aula de ioga de mães com filhos. fizemos ao ar livre, sobre a grama, olhando as árvores da mata. depois vimos pontinhos brilhantes no ar, que aprendi que é o prana, a energia do ar? ou a energia, simplesmente? por fim conheci um templo budista.
fiquei pensando em como é legal fazer coisas pela primeira vez. enxergar coisas que eu nunca tinha enxergado antes.
fomos ao centro da cidade de ônibus. e andamos por calçadas imundas até acharmos uma loja incrível numa galeria antiga. tudo do século passado, mas não do fim do século, mas da metade, pelo menos. depois me perdi pelas ruas do centro, e entrei em três trens do metrô e num ônibus até chegar em casa. exaustas, de tanto andar.
os caras se animaram para ir a um museu amanhã. desses que são legais pra todo mundo, pelamordedeus, porque meus filhos odeiam programas de adulto e eu odeio programas de criança. precisamos de meios termos, de equilíbrio.
e estamos nos preparando pra maior aventura de todas. uma grande viagem, para lugares desconhecidos - dos meus filhos -, um longo passeio de 19 dias com mar e sertão, comidas novas, frutas jamais vistas, e meu medo de ficar preocupada em vez de curtir.
fico pensando em como é legal escolher fazer coisas novas. e isso pode ser desde andar por uma rua perto de casa por onde nunca havia pisado antes até partir de férias com meus filhos acreditando que todos teremos energia para subir morros fantásticos e quebrar caranguejos com o martelinho. e tudo o que vem junto.
neste momento eles se cansaram, graças a deus. para as próximas férias, terei coragem de levar quatro crianças, não só duas. não é pra parecer mãe de aldeia sos. é bem menos nobre. é pra que meus filhos brinquem sem brigar. cada um com um amigo. vou começar a pensar nisso assim que voltar pra cidade cinza.

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