voltamos

o silêncio reina. escuto o barulho do vento, uns galhos de árvores que se mexem. e uns carros que passam. mas não muito perto.
voltamos das minhas curtas férias. fomos passar as festas de dezembro lá na bela e verde porto alegre. e agora as férias do joão e da lívia chegaram à metade, eu volto à labuta amanhã. eles ainda descansam em casa por uns dias, e depois irão ao rio de janeiro e à ubatuba. e ainda descansarão outros dias em casa até a volta às aulas.
fomos pro sul nos despedir da linda e singela casa de praia que os meus pais construíram 32 anos atrás. eles decidiram vendê-la, e nós fomos, felizes da vida, pro último veraneio em xangri-lá. sim, este é o nome da praia, antes uma prainha, agora uma praia de gente bem rica, ou bem metida a rica, com casas grandes, cercas, alarmes e quetais. e veraneio é como a gente chama o período que passamos na praia. com "a gente" me refiro aos gaúchos.
e pronto. foi só chegar pro último veraneio que eu enxerguei tudo com outros olhos. achei tudo uma delícia. o vento, a chuva, o frio. depois o sol, o céu de um azul sensacional, o mar com suas algas marrons e fedorentas, e ondas fortes e deliciosas (na verdade eu sempre achei tudo isso uma delícia, e por isso passei muitos e muitos finais de semana na casa da praia com meu ex-marido. e, depois que as crianças nasceram, passamos lá todas as férias possíveis).
tiramos fotos de todos os tipos de flores do jardim, jogamos futebol e críquete. deitei e dormi na rede, e deixei meus filhos comerem toneladas de sorvete. ainda não sei quantos quilos eles ganharam, mas eles estão com as bochechas redondas feito bolas de futebol. meus pais contrataram a maria para fazer comida pra gente, e isso significa pão quentinho no café da manhã, peixes assados no almoço, bolinhos fritos com açúcar e canela à tarde e saladas e pasteis à noite.
na hora de irmos embora, meu filho se sentou em uma das camas do quarto onde estávamos e começou a chorar. foi o único. enquanto ele chorava com vigor, eu chorei discretamente. e então dei a ele minha câmera e disse que fotografasse toda a casa. ele saiu andando e tirou muitas fotos. eu ainda pensei em dar a volta naquele imenso terreno antes de entrar no carro, mas achei que ia chorar feito uma louca e quis me poupar disso. até porque a casa não era minha, e fiquei um pouco constrangida com a minha tristeza. toda vez que minha mãe pedia ao meu pai para vender a casa, eu dizia que as crianças - todas, que são cinco na família - amavam passar as férias ali. mesmo em períodos diferentes. porque nunca demos conta de reunir a família com tranquilidade.
fomos e voltamos felizes. meus filhos não sabem que estou chorando. ai meu deus, parece tão exagerado e brega escrever isso. pelo menos estou chorando longe de todos.
tenho horror de fazer planos. mas vou achar uma praia pra termos belas férias, o joão, a lica e eu, no ano que vem.
por ora pensarei nos dias que passaremos em são paulo juntos. serão 7. mas eu vou trabalhar, e eles ficarão em casa, vendo TV, sem a mãe enchendo o saco. depois disso, terei minhas "férias de mãe". é quando brinco de mulher solteira sem filhos - caminho de manhã cedo, trabalho muitas horas no escritório e ainda cozinho à noite.
...
tudo pode ser bom. se estivermos com os olhos abertos e o coração atento.

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