sobre mulheres que escorregam e caem. sério?

eram 6:30am. estávamos saindo de casa rumo à escola. e uma moça estava deitada no chão, no meio do asfalto. um rapaz gentil havia colocado um cone uns metros antes do lugar onde ela estava deitada. eu abri a janela do carro e perguntei se ele já havia chamado o resgate. sim, disse ele.
e fomos pra escola.
eu tinha trabalhado umas 15 horas no dia anterior. então fui ao parque andar, depois de meses de recesso. iria ao escritório depois do almoço.
fui resolver umas pendências milenares nessas horas livres. entrei num shopping, consegui mandar consertar um cordão de prata que eu uso todos os dias. consegui fazer outras coisas também, como comprar o presente de natal para o meu pai e o refil para a minha agenda. tenho horror de shoppings, e estava indo embora feliz quando uma senhora na minha frente começa a literalmente andar de ré, até bater a cabeça numa vitrine a cair no chão. eu corro para ajudá-la, e fico segurando a mão dela, enquanto bombeiros e seguranças desengonçados fingem que sabem o que fazer.
...
a imagem dessas duas mulheres caídas no chão ficaram fazendo toc toc toc na minha cabeça. achei um horror a ideia de escrever sobre cenas tão mórbidas, mas a verdade é que de mórbidas elas tinham pouco.
um segurança me diz que "isso é muito comum na época do natal". outro, não lembro se bombeiro ou segurança, me explica que "andar para trás" é sinal de queda de pressão. eu tenho 39 anos, já tive umas 92 quedas de pressão na vida, e nunca andei pra trás.
mas aí fui pensando na garota da lambreta, que parecia estar muito bem deitada no chão, e a senhora, uma velha com barriga de gnomo que parecia exausta.
e o que me veio à cabeça? tchan tchan! os limites.
mocinhas costumam entender menos de limites do que rapazes, eu acho. porque achamos que podemos abraçar o mundo. podemos trabalhar, procriar, cuidar dos filhos, dar conta do marido, ter um bom salário, cuidar da casa e uhu!, tá tudo ótemo. ótemo pra quem, zé mané???
...
minha boca estava horrivelmente suja hoje à tarde. e eu falei umas merdas daquelas que eu tenho economizado. depois respirei fundo, escutei uns mantras e terminei o que tinha de fazer, antes de tomar duas cervejas num restaurantezinho simpático e vir voando pra casa, para render a doce nalva.
...
ano que vem tudo vai ser diferente. ah ah ah mil vezes. é claro que isso é uma piada. mas falando do que vai ser igual, e isso não é uma piada, terei ar, muito ar. e claro que não vou descrever minhas fantasias descabidas sobre "ano que vem será diferente".
mas assim como o relatório do banco que eu estou fazendo - motivo pelo qual não sei o que é fim de semana há uns tempos -, eu tenho metas. ah ah ah mais mil vezes. é brincadeira.
eu tenho umas ideias. e o horror de ter a certeza de que muitas, mas muitas coisas serão diferentes.
viva o frio na barriga. para que não hajam quedas, tombos nem desmaios.

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