gentileza provoca felicidade

cheguei à agência dos correios mais cedo do que o expediente do lugar. fui andando resolver outras coisas, e voltei 2 min antes da abertura. uma grávida e eu usufruíamos daquele cenário cinza: uma calçada dessa cor, na av. brigadeiro luis antônio, um lugar xexelento na bela e poluída são paulo.
uma moça se aproxima da enorme porta de vidro, gira a chave e pronto, entramos. nem precisamos de senha, diz ela, já que os atendentes nos aguardam! 1 ponto.
chego na frente do senhor que me atende e digo que tenho uma carta simples para são paulo e uma porção de coisas para o interior da bahia. tranquilamente, ele me diz que "vale mais a pena encher a caixa até completar 3 kg. pode deixar aqui separada comigo, sair e depois voltar". não, eu não queria mandar nada mais pra minha amiga além de um álbum de fotos que eu montei e fiz a capa, um livro que ela me emprestou, uma camiseta azul para combinar com o azul da cor do mar dos olhos do filho dela e dois (!) vidros de geleia de campos do jordão para o pai dela, que amou o que eu tinha levado nas férias de julho.
tentamos numa caixa, noutra, e numa terceira. e então a solução que achamos foi mandar o álbum de fotos num envelope, afinal eram "documentos", disse o senhor cujo nome estava escrito em seu crachá mas do qual não me lembro, e uma caixa pequena, encomenda simples, com o resto dos presentinhos.
no fim, os R$ 35 que paguei me pareceram uma bagatela. com a simpatia daquele funcionário público com muita prática para cortar fitas adesivas largas e transparentes, acho que eu pagaria R$ 100 para mandar os presente pra minha amiga e ainda acharia bom. mais 1 ponto!
...
cheguei ao prédio pomposo assépitco e cheio de mármore 30 min antes do começo da reunião. a cliente é gentil, adorável, mas não me sentia à vontade de ligar e dizer "oi cheguei posso subir?". fui dar uma volta, sabendo que achar um café naquela região tomada por prédios altíssimos e moças de calças sociais, sapatos altos e camisas sem graça seria duro.
depois de passar por alguns prédios cujo estilo é algo como "paris é aqui", com vários homens guardando o local (no caso, "paris não é aqui"), vi um toldo que quase invadia a calçada. espiei, e vi que era uma padaria/cafofo. entrei, e lembrei que não tinha nem R$ 1.
pergunto ao rapaz do caixa se tem água com gás, e ele, com cara de gente que é feliz, vai pegar a garrafa que está na geladeira ao lado do caixa. outro ponto! pergunto se ele aceita VR, e ele diz "claro!". iupi!, mais um ponto! pago, pego minha água e me sento numa das longas mesas que estavam sob o gigantesco toldo, todas vazias.
em segundos aparece um rapaz e pergunta se eu gostaria de um copo. sim, eu gostaria. "mais alguma coisa ou é só isso?", ele pergunta. bem, na minha fase faquir, nem pensei que ali devia ter uma coxinha bem gorda e um vidrinho de tabasco. nego a oferta. ele volta com o copo e com um pano com álcool para a limpar a mesa ao meu lado, a mesa onde estou e a que fica do outro lado. e diz "fique à vontade!". helloooooooo.
vi umas coisas na agenda, dei um telefonema pra operadora do meu celular, que é quase um lixo, e saí para me encaminhar com tempo à minha reunião.
enquanto andava, dava risada sozinha, pensando em como a gentileza faz a vida ficar leve, doce, colorida e muito, mas muito divertida. um milhão de pontos!
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pensamento sinistro do fim do dia: quem se separa depois de ter filhos é louco. normalmente louca, porque as crianças ficam com as mulheres. os rapazes são mais levinhos, pensam com outras partes do corpo além do cérebro. escreverei mais sobre isso.
mas assim esses rapazes acabam sendo os culpados pelo surgimento de mulheres fortes, independentes, que trabalham felizes, ganham bem, têm três filhos em casa, um namorado fabuloso e dão risada do passado. o que, suponho, não acontece com o ex-marido dela, por exemplo, que foi, e segue sendo, um banana com B maiúsculo.

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