sozinha

eram 8h, e eu teria de sair para uma reunião na escola às 8h30. nenhum dos dois queria ir para a casa do pai. e, de repente, os dois resolveram ir. as mochilas estavam prontas. faltava a bicharada que os acompanha à noite na cama. cada um com seus bichos, e lá fomos nós. crianças no pai, fui para a minha reunião.
sem pressa. nem para chegar, nem para ficar, nem para partir. quando era hora de voltar pra casa, tive a feliz dúvida da liberdade. não sabia para onde ir, nem o que fazer. vim pra casa. tentei almoçar com uns amigos, mas nos desencontramos. almocei em casa, sozinha e feliz. montei um pequeno álbum de fotos, que será um presente para minha anfitriã das férias baianas. e dormi.
quando acordei, o dia já tinha acabado. fiquei na cama acordando devagar. saí da cama e fui colocar ordem na cozinha, que tinha sido abandonada depois do almoço. jantei, li o jornal, li um pouco de um livro e dormi de novo.
eu tinha certeza de que não passaria a noite sozinha. há muitos meses minha filha não dorme na casa do pai nem viaja com ele. exceção para os últimos dias das férias de inverno, quando ela dormiu na casa dele e, no outro dia, foi viajar por uns três dias.
mas as mães, que sempre acham que sabem de tudo, não sabem. passavam das 9pm quando me dei conta de que ninguém voltaria para casa para dormir aqui. a noite foi longa. muitas horas de sono. me acordava, lembrava que estava sozinha e dormia de novo.
muito cedo me acordei, mas depois de pegar o jornal e jogá-lo em cima da cama, dormi mais um pouco. tomei um café da manhã em silêncio, e fui brincar de turista. fui passear de bicicleta, e vi a cidade a partir da beira do rio pinheiros. me lembrei dos dias da minha vida em boston, quando todos os dias o joão, no seu carrinho de bebê, e eu passeávamos na beira do rio charles. meu passeio na eira do rio pinheiros durou duas horas. tentei calcular quantos quilômetros pedalei, e acho que foram uns 13km.
quando cheguei em casa, com as mãos pretas - minha bicicleta repousava imóvel havia meses no cafofo onde ficam as bicicletas do prédio -, li o que faltava do jornal com os pés no sol. quando olhei, tinha meia hora para tomar banho e chegar ao almoço de dia dos pais. não do meu pai, mas dos pais que estariam na casa da flavia.
voltei pra casa e a casa seguia em silêncio. quando eles chegaram, pergunto se estava bom o fim de semana. "tava ótimo", disse a lívia.
respirei aliviada e feliz. 

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