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Mostrando postagens de maio, 2012

she did it

"mãe, agora eu posso ir pra qualquer lugar", ela me disse. tínhamos acabado de chegar em casa, e eu tinha desamarrado as bicilcetas do suporte que as carrega no carro. ela estava andando com a bici dela, muito contente. a bici finalmente não tinha rodinhas. foi um dia lindo, e tivemos de entrar num acordo, porque cada um da família queria ir para um lugar diferente. um queria passear no zoológico, o outro queria ficar em casa, e eu queria ir pro parque.  acabamos indo ao parque para aproveitar de forma econômica o belíssimo dia de céu muito azul. mas eis que na hora de colocar as bicicletas no carro - as das crianças, porque há anos eu só ando de bicicleta quando estou SEM filhos -, a lívia diz que não vai levar a dela. eu digo que vamos levar, e ela diz: 'eu tenho 7 anos, e não vou com uma bicicleta com rodinhas'. o joão corre até a portaria e pergunta ao ferreira se ele tem uma chave. com a resposta negativa, subo ao apartamento e pego minha enxuta caixa de ferra

'tem mãe que é mega perfeita'

dois monges, Tanzan e Ekido, caminhavam numa estrada enlameada depois de uma forte chuva. perto de uma aldeia, eles encontraram uma moça que estava tendo dificuldade em atravessar a estrada por causa da lama. se ela continuasse, estragaria seu quimono de seda. sem titubear, Tanzan a pegou no colo e a cerregou para o outro lado da estrada. os monges prosseguiram na sua caminhada em silêncio. cinco horas depois, quando já estavam perto do templo onde passariam a noite, Ekido não conseguiu mais se conter. - por que você carregou a moça para o outro lado da estrada? - perguntou. - nós, monges, não devemos fazer essas coisas. - faz horas que coloquei aquela jovem no chão - respondeu Tanzan. - você ainda a está carregando? (eckhart tolle em "o despertar de uma nova consciência", ed. sextante) .... eu tinha saído para andar. coisa muito nova na minha vida, sair para andar quando não é super mega cedo. as crianças tinham ido pra casa do pai, e isso tinha sido meio demorado. fic

os barulhos, o pão duro e o velho

ele andava muito devagar. eu queria passar mas a minha pressa não era maior que a minha civilidade. parei, fiz sinal para ele passar, mas ele não seguiu. em vez disso, deu uma gargalhada e me disse "quando o navio está afundando, primeiro vão as mulheres e as crianças". bem, ele era velho, andava de bengala e eu pensei meu deus, se a prioridade não é dele, de quem poderia ser? agradeci, e passei, levando meu carrinho de feira. atrás de mim ia o moleque que tinha me ajudado a colocar as compras do supermercado nas várias bolsas que finalmente me acostumei a levar comigo - e a tirar do carro! - quando vou fazer as pouco divertidas compras da semana. o velho tinha cheiro de quem não toma banho todos os dias. e tinha os olhos azuis brilhantes, cristalinos. fiquei pensando no fedor dele e em quanto isso devia ser totalmente irrelevante para ele. aliás, deve ser por isso que ele não toma tantos banhos quanto eu: ele tem menos incomodações, menos chateações e menos mania de limpez

acostumando-se e preenchendo-se

passamos a vida nos acostumando às coisas. podem ser grandes coisas, ou pequenas, não importa. aí quando vêm as novidades, temos frio na barriga, medo de que "não dê certo", um pouco de falta de sono. e então nos acostumamos à novidade, que vira rotina. lembro quando saí de uma casa enorme para um apartamento enxuto. pensava que não ia caber no novo lar, que não teria como trabalhar com dois filhos pequenos sob o mesmo pequeno teto. coubemos, assim como coube o meu trabalho. depois troquei um carro muito grande por outro bem menor. comprei um porta bicicletas para carregá-las - transcaloi, como diz uma amiga - e, depois das primeiras reclamações e lágrimas quando armava tudo, me acostumei. agora prendo três bicicletas no tal do transcaloi em menos de cinco minutos. com o trabalho é a mesma coisa. nos acostumamos com o horário, as pessoas, o caminho para chegar ao escritótios, as tarefas. e se mudar? e se for ruim? se for horrível? se eu não tiver amigos? e se formos falar

bicarbonato para queimadura

fazia muito tempo que não me queimava. e como todo acidente doméstico, foi estúpido: ia começar a lavar a louça, e peguei o cabo de uma panela que estava virado pra chama onde eu esquentava água numa chaleira. "tsssss", e no delay idiota que s-e-m-p-r-e tenho em questões urgentes, a palma da minha mão esquerda estava queimada. instintivamente abri a torneira para molhar a parte queimada. comecei a chorar. fui até a estante de livros na sala. abri um livro que fala das doenças infantis, e não achei "queimadura", só queimadura de sol. chorava com a dor, e abri o livro bem na página que falava de queimaduras. fiz compressa com água e bicarbonato, coloquei combudoron, uma pomada maravilhsosa da weleda. passadas quase seis horas, ainda sinto dor. eu estava na cozinha, organizando a zona pós almoço pós passeio no parque. pensava na dureza de criar dois filhos sozinha. o pai deles me disse semana passada que vai se mudar pro rio. bem feito, pensei. há anos desejo que ele