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Mostrando postagens de março, 2011

a justiça, a comgás e o saco cheio

tudo começou quando eu fui passar férias nos pampas com as crianças. ficamos 15 dias no sul, e nos outros 15 dias do mês de férias das crianças elas viajaram com o pai delas. mas a comgás mandou pra minha casa uma conta mais alta que o normal. no mundo civilizado, o consumidor liga pra companhia, pede revisão de conta, e tudo se resolve. em "oito dias", me disse o primeiro atendente. e o segundo, o terceiro e todos os outros. passado um ano, meses em que não recebi conta nenhuma, meses em que paguei 6 ou 9 reais, trocentos protocolos de atendimento anotados, e chega uma conta de 500 reais. bingo. no mundo civilizado, o consumidor liga pra companhia, descobre que houve um engano e tudo se resolve. mas eis que os atendentes da companhia me diz primeiro que meu consumo não foi registrado por 2 meses. outro atendente diz que não foi possível fazer a leitura do relógio por 3 meses. por fim, outro me diz que foi por 6 meses. no trabalho, me indicam o tribunal de pequenas causas, qu

o mundo mais que imperfeito

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queria ter um dos meus violões agora, pra tocar e cantar. mas não tenho nenhum. vou colocar na lista de compras. um violãozinho lindo que eu ganhei aos 8 anos eu troquei por um tapete feito de lã de ovelha. o outro quebrou, e eu não mandei consertar e o doei assim, quebrado. agora faz falta, depois de quase 10 anos. cheguei em casa há pouco, depois de trabalhar muitíssimo. e surpresa!, as criaturas estavam acordadas!, e a criatura que é paga para cuidar deles mas não para educá-los me olhava com sua doce cara de baiana sossegada - cara esta que não tem nada de sossegada quando as criaturas em questão são os filhos dela. aí ela vira bicho. mas os filhos eram os meus e não os dela. então eu disse tchau-você-pode-ir-embora e perguntei pro joão se ele tinha feito a lição. não, não tinha. assim como não tinha ido à natação. minha filha tinha dormido à tarde, coisa que não deve acontecer senão a guria não dorme à noite. mas como eu tenho ficado muito, muito brava por muito menos, nem me irri

ADORO MUITO VC

era pra ser mais um daqueles dias ordinários. ela acordou quando o despertador tocou, e foi pra cozinha, no escuro, preparar o café da manhã e as lancheiras das crianças. e então sentiu as lágrimas quentes que escorriam pelas suas bochechas. o lusco-fusco iluminava a cozinha. e espaços entre as nuvens no céu a fizeram pensar que o dia poderia ser ensolarado. ela fez o que tinha de fazer na cozinha, depois tomou banho e se vestiu. usou uma blusa que comprou numa liquidação - mas por que liquidações são tão irresistíveis? ela pensou depois de fazer umas compras - e que ficou maravilhosa. quando estava tudo pronto, era a hora de chamar as crianças. a doçura é tão importante quanto a paciência para uma vida decente. ela andava pensando muito nisso nos últimos dias. e com essa ideia na cabeça foi, no escuro, acordar os pequenos. o dia estava preparando muitas surpresas para ela, mas como ela ia saber? as crianças acordaram num bom humor inacreditável. depois de vestidas, tomaram café da man

sobre intimidade, febre e dor de barriga

fui acordá-la de manhã cedo. e ela, ao abrir os olhos, olhou pra mim e começou a chorar, com aquela boca linda, que fica enorme quando ela chora com mágoa. coloquei a mão na testa dela. estava fervendo. pronto. simples assim. a isso eu chamo de intimidade. mãe conhece o filho e assim fica fácil de perceber quando tem alguma coisa diferente. resumo da ópera: fui dar um rolê no pronto socorro pela primeira desde que virei mãe, quase 9 anos atrás. lembro de uma vez ter levado um motoqueiro para o pronto socorro. o cara tinha se acidentado na nossa frente, e eu e meu marido colocamos o cara no carro e o levamos, ele sangrando e dizendo que estava tudo bem. mas desta vez foi diferente. ninguém sangrava. e eu estava com dor de barriga, frio na barriga, embrulho na barriga. liguei pro plano de saúde pra saber pra onde levaria minha filha. e fomos, ela perguntando por que eu estava fungando, e dizendo categoricamente que não permitiria nenhuma agulha espetada no corpo dela. e eu sem jeito pra

o que falar sobre a felicidade?

dias e dias pensando em escrever. dias e dias morrendo de sono e indo pra cama num horário completamente surreal. e então finalmente me sento aqui, descubro o ~~~~ do meu teclado novo e não sei o que escrever. uma felicidade estranhíssima chegou, e eu andei por lugares esquisitos, vendo gente estranha, daquelas que fazem cara de veja-como-eu-sou-cool,-você-percebe-como-eu-sou-feliz-e-incrível?. não vomitei, mas quase. ah ah ah. o problema de escrever num blogue é que você não pode dar nome aos bois. tipo se sou escrota com uma pessoa e fico me remoendo por dois dias não posso dizer "estou com insônia porque mandei à merda a fulana de tal". ora pois. a felicidade é um estado mui estranho quando vem assim devagarinho e em silêncio. questões imbecis do tipo "nossa!,-estou-me-sentindo-tão-leve-hoje" e "meu-deus-que-homem-lindo-mas-como-é-gordo-e-pode-ser-casado-com-esta-barbie?" aparecem com a tal da felicidade. sim, eu fiquei exultante. desculpa aí, mas foi i

o voo das ideias

eu estava saindo do prédio, feliz da vida, e o vejo na calçada. aceno, e ele retribui. muito simpáticos, nós dois. ele não tem filhos. o dia que fiz essa pergunta pra ele escutei um ahahah antes da resposta. é claro que ele não tinha filhos. o cara sai para andar todos os dias, tem sempre cara de feliz, viaja horrores, parece trabalhar o suficiente, e definitivamente não tem cara de quem cuida de alguém além dele próprio. voltando à minha saída do prédio, ele estava de calção de corrida, boné e com a sua habitual cara de a-vida-é-bela. eu tinha minha bolsa pendurada num dos braços, mais uma sacola de pano vazia, e nas mãos levava as chaves do carro e da casa, meu celular, um papel com os itens a serem comprados no supermercado, um agasalho - eu podia ir ao cinema e odeio morrer de frio por causa de ar-condicionado. e bufava. olhei o frescor do meu vizinho e morri de inveja. eram 10h, e ele devia ter saído da cama meia hora antes dos nossos acenos recíprocos. mas eu tinha acordado às 5h