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Mostrando postagens de maio, 2011

a cozinha e o coração

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o dia tinha começado triste. tem dias que são assim. e aí você pode achar um horror ou ficar quieta e ver o que acontece. eu costumo achar um horror. odeio chorar antes das 10h. mas eu acordei e muito cedo estávamos chorando, meu filho e eu. ele chorou muito, e eu fiquei quieta, tentando ser uma estátua por fora, para ver o que acontecia por dentro. e então chorei com ele, porque vamos combinar que tem tristezas que devem ser compartilhadas. não brigamos, não gritamos. eu estava tentando entender o que ele queria dizer com as palavras que saíam da boca dele dançando uma polca. quando entendi, chorei e babei com ele. literalmente. mas quando as lágrimas secaram, o frio passou. e nós ficamos o dia todo em casa. fizemos almoço, pão integral, cookies de chocolate e brigadeiro. na verdade, passamos o sábado todo na cozinha. no outro dia, estávamos nos preparando para ir ao parque quando meu pequeno filho me perguntou se eu estava gostando do fim de semama. "você acha que está melhor do

voltamos de paris, ah ah ah

eu acordei e pensei, "hoje pode ser um dia feliz". e disse isso pra minha pequena família, composta pelo joãozinho, que tem 9 anos mas vocabulário de 15, e pela lica, que tem 6 e vocabulário de... hum..., 9 anos?, não estou certa. e assim passamos o dia. toda vez que eu ouvia palavras imundas ou ofensivas ou uma reclamação daquelas que só crianças são capazes de proferir, eu dizia "mas hoje nosso dia vai ser feliz". foi uma tática incrível, porque EU também tinha de me comprometer. e quando surtei dentro do carro e disse "ah, já que vocês não querem andar, vamos de carro, sem tomar esse sol gostoso, e vamos passar o dia trancados me casa e blablablá e vocês nem me ajudaram a lavar a louça", eu me calei de vergonha. depois eu pedi desculpas. porque tinha sido uma baita ideia irmos de carro às compras, porque as compras sempre me deixam cansada, eu não consigo me divertir em supermercados, e naquele dia não estava sendo diferente. então eu agradeci por eles

devagar, menina

não há nada com um dia após o outro, diria a minha avó. mas não há nada como um ano após o outro. eu adoro ficar mais velha. a-d-o-r-o. e hoje eu descobri, mais uma vez, por quê. uma das habilidades que todas as pessoas podem desenvolver depois de procriar é a flexibilidade. e eu não estou falando de cancelar um compromisso, ou marcar algo de última hora. estou falando de mudar COMPLETAMENTE o seu dia porque um filho adoeceu - exemplo light. e então hoje eu não fui nadar. em vez de mergulhar na piscina quentinha às 7am, nessa hora estava chegando à escola das crianças. meu filho pediu para levá-lo até a classe - houston, we have a problem. por milagre, não chegamos atrasados. ninguém queria sair da cama, e meu filho, em vez de fazer um desenho para o amigo com quem ele havia brigado de forma medieval no dia anterior, ficou lendo o caderno de esportes da folha de s. paulo. lovely. chegamos. os meus pequenos herdeiros foram para suas respectivas salas, eu tomei um cafezinho e parti. cheg

boas, médias e más notícias

é engraçado como tudo é relativo, non? todos os dias eu rezo e agradeço. e penso que vou tentar ser legal, justa, decente. e bem humorada. mas nem sempre é possível. os dias de mães que moram com filhos pequenos e trabalham o dia inteiro e moram em são paulo são dias corridos. então, como todo dia, saí da cama cedo. não às 5am, mas às 5:15am. pronto, a correria começou mais ou menos às 5:18am, quando saí da cama e fui até a cozinha preparar o café da manhã e arrumar as lancheiras do joão e da lívia. fui pulando de um lado pro outro, pra dar tempo de tomar banho antes de chamá-los. mau sinal. pular antes das 10am é coisa pra gente louca. tudo deu super certo. a lívia reclamou, voltou pra cama vestida, não tomou café da manhã e foi pra escola feliz da vida no carro do zé, que os leva alguns dias da semana e é um pai adorável. eu cheguei ao trabalho às 7 da madrugada bem feliz. dei conta das tarefas "a fazer" antes da reunião com cliente e fornecedor, às 9am, começar. reunião, t

o cinza e o azul

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um amigo me mandou a foto de onde ele está. não morando, nem pra sempre, pelo que entendi, só pensando na vida. fiquei boquiaberta. pensei em tirar uma foto da vista que tenho de uma das minhas janelas, mas achei que não seria muito justo comparar o meu cinza com o azul do meu amigo. e pensando no que devo fazer, leio o belo texto da danuza leão, que pela segunda semana consecutiva escreve sobre a sabedoria de NÃO reclamar. li e gostei, bem nesses dias em que pensava em escrever sobre minhas olheiras escuras, meus quilômetros rodados diariamente, e o filtro que me faz ver em preto e branco. o lado bom é que pra sair correndo é só pegar um filho em cada mão. sobre o lado ruim eu não vou falar. como eu bem sei, tudo passa e isso também passará. voltando ao meu amigo, ele foi embora de são paulo porque disse que estava de saco cheio. ele sempre foi assim, na verdade. sempre foi embora quando ficou de saco cheio. ele tem um cachorro, mas o cachorro já não morava mais na cidade cinza. então

tita cornichon no dia das mães

fiz tudo o que tinha de ser feito. e então olhei para o relógio e senti um alívio. não eram nem 8pm. as duas melhores horas do dia são o começo e o fim. parece idiota, mas acho que é porque quando consigo andar em velocidade lenta. entonces, feliz da vida que "ainda era cedo para dormir", peguei esta maquininha na qual escrevo agora e me sentei no sofazinho da cozinha, onde a iluminação é precária porque uma das lâmpadas queimou e sim, eu estou com preguiça de subir na escada de abrir e trocá-la. por ora as lâmpadas estão embrulhadas no fundo do meu armário - aquelas lâmpadas longas, caras e cuja luz, gélida, é a antítese do aconchego. mas os cabelos brancos, que saltam alegremente entre os meus cabelos loiros, não são em vão. chega uma hora na vida da gente em que é possível escolher com tranquilidade e sem culpa o que vamos fazer e, mais importante, o que NÃO vamos fazer. e assim eu escolhi almoçar num lugar lindo, verde, para comemorar o supra-sumo do pleonasmo, o dia das