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Mostrando postagens de 2011

os muito casados e os nem tão casados

eu não os conhecia. estávamos na casa de uma amiga, e ela disse que uns amigos chegariam. demos uma geral no ambiente, afinal o almoço tinha começado no final da manhã, e já era final de tarde. "vamos arrumar a casa pra eles não acharem que estão chegando no final da festa", ela disse, enquanto ajeitava cadeiras, almofadas, copos. estávamos todos sentados ao redor da mesa. quando eles chegaram, sentaram-se conosco. e então conversamos e conversamos, e o mais incrível é que cada pessoa falava e todos escutavam. e eram assuntos legais, interessantes, como se todos nós ali nos conhecêssemos havia muito tempo e sempre tivéssemos conversado daquele jeito. aí me dei conta de que estava na frente de um casal de verdade. ou, como tentei definir hoje à tarde, quando pensei neles, um casal "muito casado". não sei se faz sentido na língua portuguesa, mas parece fazer sentido nesse contexto. eles pareciam ser casados há muito tempo. davam sinais de uma intimidade que costuma vi

ahn?

cheguei em casa mais exausta do que esbaforida. as crianças estavam felizes. hoje a doce nalva trouxe seus dois herdeiros, que somados aos meus dois herdeiros resultam em quatro crianças dentro do apartamento. eu já estava pronta pra ir pro escritório, pensando "estou sem clima em casa", ah ah ah. mas é claro que os planos idílicos nem sempre dão certo. e trabalhei feito uma mula jovem e bem disposta, mas com um mau humor insuportável. horroroso. nojento mesmo. ia ficar no escritório poucas horas, e fiquei muitas. e quando as minhas correntes foram soltas, fui caminhando até o carro com o gus, que me disse que ia fazer uma coisa muito chata. supermercado? não, disse ele. "vou ao shopping comprar presentes de natal." uau! existem pessoas capazes de façanhas incríveis. e aí, num surto "ó-mas-isso-deve-ter-um-jeito", disse pra ele ir de táxi, pra evitar filas na garagem. mas depois lembrei de uma livraria onde ele poderia comprar tudo. "mas e as crianças

pijama, férias escolares e natal: viva dezembro!

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nem sei por onde começar. ... ela me ligou, indecisa sobre a festa de aniversário dela. em casa ela não aguenta, um brunch num restaurante que eu não conheço o marido e o pai dela ficam criticando. no sítio seria uma delícia, mas ela argumenta: "as pessoas têm fazer compras, pagar o 13o da empregada, o IPVA, organizar as festas, seria sacanagem". adorei. o aniversário é DELA, mas ela pensa na conveniência dos OUTROS. aprendi com minha amiga alice que no dia do aniversário da gente, a gente faz o que quiser. ... começo a trabalhar de pijama. coisa que nunca tinha feito na vida. mas sempre tem a primeira vez. filhos de férias, mãe trabalhando loucamente. eles querem ir ao parque com as bicicletas, comprar picolé, passear. eu tenho vários projetos com prazos natalinos. respirar fundo e com calma tem me ajudado a não surtar. e quando tenho certeza de que vou começar a chorar, sugiro pra mim mesma que é bom fazer uma coisa de cada vez. e assim não choro, e trabalho. ... comprei pa

o homem com o saco de pão

depois de anos me culpando pela falta de tempo para práticas esportivas, este ano comecei a andar "quando dá". isso quer dizer uma vez por semana, duas vezes por semana ou uma vez a cada 60 dias. o lugar onde fica a praça é mui lindo, mui limpo, mui asséptico. acho que isso é mania de gente rica. de manhã cedo há serviçais lavando calçadas, outros lavando carros, e outros passeando com os cachorros. o perfume das flores nesta época do ano é maravilhoso, assim como são maravihosas as flores. um tronco de árvore estava tomado, de cima a baixo, de orquídeas floridas. tinha flores brancas, flores amarelas, flores cor de rosa. ah, esqueci de falar dos guardinhas. são muitos, tantos que eu até fico confusa e nunca lembro pra quais eu já dei bom dia. bem, eis que estaciona um carro ao lado da praça. um carro que chamou a minha atenção por ser um carro comum. não era preto, não era novo, não era um SUV. dele saiu um homem que também chamou a minha atenção por ter a aparência de um ho

sejamos finas

existem as moças finas, as nem tão finas, e as chiquérrimas. mas num ponto, somos todas toscas. nos comentários em relação aos nossos maridos - atuais, ex e futuros. talvez esteja sendo desonesta com algumas mulheres que já não ficam nesse papo chatíssimo, insuportável e sempre exagerado. ... era uma festa de crianças. e estávamos ao redor de uma mesa no jardim. conversávamos, eu e outras mulheres com quem não tenho nenhuma intimidade. e elas fizeram comentários ofensivos. eu nem estava escutando toda a conversa, mas o pedaço que escutei foi o suficiente para saber do que estava em pauta. e escapou da minha boca: às vezes separada é mais duro ainda - não lembro ipsis literis o que falei, mas tinha a ver com fazer tudo sozinha e ainda pagar muitas e muitas contas, porque uma pensão alimentícia somada ao salário de uma mulher costuma ser inferior à renda de um casal que trabalha. ... ela se separou há alguns anos, e faz pouco casou-se novamente. e se tem algo admirável que eu tento apren

o castelo ficou pronto

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em ordem decrescente: joão e lívia dão a primeira demão externa de pijama, as primeiras marteladas para colocar o telhado no castelo a pintura interna, depois de termos colado e pregado as paredes com o auxílio dar irmãs, os últimos retoques antes do início da pintura pipoca para animar a equipe: o castelo antes de ter paredes, e já com grades nas janelas o castelo do joão ficou pronto. as instruções eram poucas: construir uma casa sobre uma base de madeira, com cerca de 70cm por 40 ou 50cm. qualquer material, qualquer casa, concebida e construída pela criança. conseguimos fazer o castelo sem gritos, sem noites insones. e o que me vem à cabeça agora é que o mais difícil do projeto foi fazer "a casa do joão". sim, porque nesse ponto a professora da classe foi muito clara: a casinha é das crianças. a frase que eu mais gostei a esse respeito foi a do caio, que disse ao pai dele: 'esta é a minha casa. a sua está pronta, e é onde moramos'. fiquei pensando em como sempre ac

de repente, a cama

lá vou eu escrevendo, na minha velocidade estonteante. bem, aqui é o único lugar em que consigo seguir lenta. e por isso, uau!, adoeci. não "por isso", mas "para isso". ... foi bem singelo, e bem rápido. dia útil entre um domingo e um feriado, e eu trabalhando feito uma mula jovem. de repente, começo a bater queixo. me encho de roupa de lã, coloco meus pequenos filhos na cama e vou dormir às 18h, morrendo de frio. duas bolsas de água quente, trocentos cobertores, e frio. e assim passei três longos e doces dias: na cama, ora suando, ora tremendo de frio. meus filhos pacientemente iam me visitar na cama, porque doía sair dela. aí eu fiquei pensando em como não devo fazer planos, não devo fazer tantas listas, não devo desejar tantas coisas. trabalhei pouco - trabalho com pessoas gentis e delicadas que não me incomodaram e ainda fizeram o que eu não conseguia fazer. ... ela falava do tempo. e deu uma bela definição, que nem dela era, mas de um professor cuja palestra el

o trabalho, o serrote, a força

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eu pensei que ter uma furadeira seria a representação máxima da testosterona entre os meus pertences. mas eu estava enganada. ontem investi em um serrote e em algo que eu chamaria de "serrinha", mas que deve ter outro nome. nas fotos é possível ver meu filho manuseando o troço. bem, vamos aos fatos. uma das 14.753 atividades escolares do meu filho este ano é fazer uma casinha. qualquer casinha, com qualquer material, de qualquer tamanho, desde que sobre uma base de madeira. o tamanho da base de madeira é 70cm por 50cm, aproximadamente. 'filho, vamos pensar no projeto da casa. como você quer fazê-la?'. a pergunta deve ter sido feita uma dúzia de vezes, até ele me responder: 'quero fazer um castelo com cinco andares'. eu tenho de ter bons motivos para desmaiar. não foi dessa vez. então a minha pergunta mudou, e eu sugeri um castelo de TÉRRREO. 'dois andares', ele disse. meu desespero consistia em tentar fazer meu filho entender que na vida fazemos o poss

onde é a próxima estação?

olho pra minha cama e vejo uma bolsinha de plástico transparente cheia de pollys e roupinhas sapatinhos e tal. dois telefones, um deles desligado. o telefone sem fio da minha casa. pastas para arquivar e as pastas para as reuniões de amanhã. olho pra minha mesa de trabalho e vejo a minúscula pilha de papéizinhos meus - entre eles, a história do natal e da coroa de advento -, minhas flores coloridas de feltro, o celular sem chip que meu filho ganhou do meu pai "para jogar" e uma pilha de uns 15 cm de papéis que eu ia arrumar mas não arrumei. ah, e um tubarão lego ou playmobil me olha sem nenhuma doçura. olho pro chão e acho um laço de plástico pink, menor que a unha do meu dedo mindinho, que é pra prender o cabelo das pollys. há pouco conversava com um cliente sobre como aprovar um trabalho. ele disse que estava exausto, e eu sugeri que retomássemos a conversa amanhã. ele queria decidir tudo hoje. "para o trem que eu quero descer", falei. ao que ele respondeu: "

eu babo

eu estava trabalhando, era tarde para os meus parâmetros de vovozinha, e eu escrevi num pedaço de papel "eu babo, tu babas, ele baba". naquele momento eu de fato estava babando, exausta. e achei que o que coloquei entre aspas seria um excelente começo de um texto para este blog. hoje de manhã, quando olhei todas as anotações em todos os pedaços de papeis, na agenda e no caderno do trabalho para começar o dia, pensei meu-deus-que-ideia-idiota. mas eis que passadas umas 24 horas, estou aqui novamente babando! mas que coisa! enquanto dirigia de volta pra casa, há pouco, pensava de novo na ideia do eu babo tu babas etc, e em como isso podia dizer respeito à vida se não de 100% dos pais e mães de gente com menos de 15 anos no planeta, de uns 99,5%, numa visão pessimista. eu ando muito brava. e tenho a impressão de que a minha braveza colabora pro meu estado estou-babando. mas não só. cheguei ao escritório hoje às 7am, e saí um pouco depois das 6pm. e durante esse tempo, trabalhei

sobre as pequenas grandes almas

ele ia fazer 4 anos dali a 3 meses, e o avô tirou as rodinhas da bicicleta. ele aprendeu a pedalar, depois de arremessar a bicicleta o mais longe que podia com a força daquela idade muitas e muitas vezes. e então eu concluí que se era assim, assim seria. e tirei as rodinhas da bicicleta da minha filha quando ela fez 4 anos. ora, pensava eu, se um andou de bicicleta sem rodinhas antes dos 4 anos, a outra também andaria. qua qua qua mil vezes. durante quase 3 anos, carreguei as bicicletas da família. pra praia, pro parque, pra pracinha. um horror, uma musculação involuntária e absolutamente irritante. daqui a 6 meses a lívia completa 7 anos. e foi só agora que uma luz surgiu e eu levei a bicicleta pro carlos, nosso bicicleteiro, para que ele COLOCASSE RODINHAS na bicicleta da lívia. e desde então a guria chega da escola, almoça e desce pra andar de bici. faz manobras radicais, me explica sobre curvas abertas e curvas fechadas, cai no chão, mancha as calças as meias as botas com graxa e d

brinquedo de menino

foi uma emoção quando compramos a televisão nova. até então, vivíamos com um aparelho daqueles minúsculos, cujo tamanho em polegadas eu ignoro. e então, na fase ó-como-a-vida-é-bela-e-como-nos-amamos, fomos montando nossa casa, tão grande pras pouquíssimas coisas que tínhamos. e uma das coisas que resolvemos comprar foi justamente uma bela e enorme TV. duas mudanças, dois filhos e um divórcio depois, a TV começou a me parecer um pouco obsoleta. um número no canto superior esquerdo da tela nunca mais saiu dali - apesar dos esforços do meu filho, que tem uma intimidade assustadora com botões em geral. o canto inferior esquerdo ganhou uma suave mancha verde. o controle orginial há muito se perdeu, e eu comprei um daqueles universais, que custam uma fortuna e que têm tantas funções que jamais usarei nem 50% delas. mas a ideia de comprar uma TV nova me aterrorizava. talvez por eu ser uma pessoa obsoleta, que liga a TV poucas vezes num mês. e também por achar que crianças têm mais o que faze

os bons amigos

ela me ligou ou me mandou um e-mail ou uma mensagem pelo celular, não lembro. dizia que queria ir na minha casa, e falou os dias que podia. algo tipo "queria te ver, posso ir na sua casa terça ou quinta". bem, eu a conheci no trabalho, e com ela eu aprendi que ir direto ao ponto é bom, economiza tempo e mostra a nossa coragem. eu adoro meus amigos que não sugerem, mas afirmam. é por causa deles que muitas coisas boas acontecem. eles me dizem que eu vou almoçar com eles, ou que vou tomar uma cerveja, ou mesmo que eles virão à minha casa tomar um vinho enquanto meus filhos estarão dormindo com a doçura que é típica do sono das crianças. e então ela veio. eu ia fazer um risotto, mas a dieta dela não deixou. então tomamos uma sopa maravilhosa de tomate e grão de bico. e conversamos sobre tristezas e alegrias. tantas tristezas que choramos. e tantas alegrias que gargalhamos. ela foi embora cedo - amigos sábios entendem o quanto precisamos dormir -, e fui pra cama cedo e feliz. na

3:37

quando passei em frente ao relógio luminoso que não traz mais a marca do unibanco, não acreditei. 3:37??? meu deus! eu havia saído para encontrar uma amiga querida um dia antes. e como mães saem de casa para encontrar amigas? esquema. é preciso um organizado esquema. um filho dormiria na casa de um amigo - eu tinha telefonado pra mãe do amigo e perguntado se ele poderia dormir na casa deles. sim, pode, qualquer coisa você vem buscá-lo, me disse ela. bem, o resgate poderia ser necessário, mas não estava nos meus planos. cerveja e estrada não combinam, e eu estaria na cidade e ele, meu filho, na granja viana. minha filha ficaria em casa com a doce nalva, que faria uma hora extra. tudo combinado, um dia de muito trabalho e de calor insuportável, e a cerveja estava maravilhosa. a companhia, divertida, e fiquei dando gargalhada até a hora em que me dei conta de que no outro acordaria cedo. fui embora cedíssimo, às 10pm. tem compromisso matinal?, perguntou meu amigo, quando dei tchau a ele.

a baby sitter, as risadas e as unhas

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ela me indicou uma baby sitter. não só indicou. ela me convidou para irmos ao cinema, agendou a baby sitter e ainda pagou as horas dela. eu nem acreditava. cinema sábado à noite? fomos ver um filme horroroso, saímos na metade, e adoramos mesmo assim. isso já tem uns dias, e eu escrevi no meu caderno "baby sitter" pra não esquecer de escrever. escrevi também unhas, o que é bizarro. eu consegui cortar as unhas em paz, e isso é um feito para uma mãe. desculpem-me se os estou decepcionando. bem, nas minhas anotações "para não esquecer de escrever" tinha ainda a palavra risadas. isso mesmo: risadas. só isso. claro que não foi o suficiente para me fazer lembrar sobre o que eu tinha pensado em escrever. mas num momento revolta, coloco a palavra aqui e penso que quis me lembrar de escrever sobre boas risadas. ponto final. uau, tudo isso para falar de outra coisa. quando conto pr'alguém que tenho um blogue, e digo "sozinha é o dobro", sempre fico pensando se se

o ar - ou sobre a falta dele

existem as coisas chatas, e as coisas muito chatas. e a falta de ar eu incluo na última categoria. onde entram também pessoas chatas, azia, falta de paciência e mau humor. as piores coisas da vida. o fato é que ela veio me visitar. suavemente, duas semanas atrás, e mui intensamente nas últimas 24 horas. meu mestre sempre diz que é preciso estar atento. porque, afinal, nada é em vão. eu ando me perguntando o porquê de muitas e muitas coisas, e a resposta não vem. vem só a falta de ar, que acha que é minha amiga mas na verdade não é. ... o dia amanheceu horrivelemente ensolarado, e fomos pra linda festa da primavera. era a última festa da família, já que a lívia vai pro primeiro ano no ano que vem, e esta festa só acontece no jardim. a festa, como sempre, foi belíssima - a primeira foi oito anos atrás, quando o joão entrou no jardim de infância. mas ao mesmo tempo em que eu sentia muita paz escutando o som da flauta transversal e vendo a doçura da minha filha cantando e dançando com suav

holístico, orgânico, faça ioga e coma legumes

o texto do new york times tinha o seguinte título: cosméticos simples, promessas modestas. falava dos produtos naturebas e tal, coisa pra quem não toma aspirina, como eu. mas de repente uma executiva de uma empresa de marketing diz que existe um movimento abrangente, "holístico, orgânico, faça ioga e coma legumes". bem, é ótimo que a pessoa começa a escrever e vai enrolando, enrolando. eu consigo enrolar quando escrevo, mas enrolo mais ainda quando falo. oh my god! queria falar de pessoas "caga-regra". claro que não vou falar dos outros. vou falar de mim. estávamos numa sala grande, todos pais ou mães de crianças do jardim de infância. a exceção era a minha amiga carla, que foi comigo ouvir a palestra de uma pedagoga fabulosa. pais adoram ouvir opiniões. acho que é uma necessidade louca de checagem: estou fazendo certo? ou estou fazendo muita merda? precisamos de pessoas que nos apoiem, e que digam que o nosso laboratório doméstico de criação de filhos está dan

sono tornata

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a foto foi meu irmão que tirou, no dia em que chegamos a floripa. fazia oito anos que eu não pisava na ilha, e nem me lembrava mais que era um lugar verde, muito verde, e muito manso. passados 30 dias do fim das férias, eu voltei. nunca uma volta de férias é suave. e dessa vez não fui diferente. foi medieval e maravilhoso. muito trabalho, e trabalho é bom. voltei com uma vontade horrível de viver no meio do verde e do azul. em floripa é assim: de um lado há morros verdes, do outro tem o mar, azul. uma exuberância. acho legal pensar em o-que-me-prende-aqui-mesmo?. o que me prende em são paulo? algumas coisas, mas o mais importante é o quanto eu gosto de morar aqui na cidade cinza. fico pensando nisso. em como é bom tomar as decisões. minhas férias foram assim. muitos e muitos dias em que eu escolhia para onde ir e o que fazer. e assim é que é bom. um ano atrás eu dizia pra minha amiga ana que eu sentia que as coisas estavam mudando. e ela me perguntou que coisas. hum, na époc

sobre tristezas e alegrias

ela me disse que tinha tido o dia dos pais mais feliz da vida dela, e também o mais triste. lágrimas jorravam dos meus olhos, e eu escrevi pra ela pra dizer que eu também tinha tido um dia dos pais triste e feliz. ... as fotos fotografam a minha tristeza. ela disse que eu devo guardar os momentos belos. mas acho que os perdi. preciso olhar fotos para ver que fui feliz. para ver minha alegria, que anda bem escondida. ... ela escreveu: 'Foi mto bom vc ter vindo, seus filhos estao lindos e educados, vc, encantadora como sempre, amei meus presentes!'. no dia dos pais dei pra ela um presente lindo, que eu ganhei no dia das mães. uma forma de bolo em forma de rosa, que nunca funcionou comigo. ... o velho tava com a voz estranha. me disse que era de emoção. eu acreditei. mandamos um CD fabuloso, e agora as crianças entram no carro e falam 'queremos escutar renato russo'. ... 'você pisca, eu amoleço', escreveu ele. nem lembrava disso.

bahia roots - parte III

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são 13h04, e eu pensei que não ia dar tempo de fazer tudo. o tudo quer dizer meus afazeres até amanhã de manhã, quando viajo a trabalho. eu estou adorando o voltar das férias. olho pra cara dos meus filhos, felicíssimos, e me dou conta de que a bahia fez bem para todos. estranha essa minha obsessão. mas vou entendendo, agora, por que queria ir tanto pra bahia, e por que estou tão contente com o fim das férias. hoje é domingo, e faz um calor surreal para o momento. estamos no inverno, e a temperatura máxima prevista é de 29 graus celsius. meus filhos foram pra casa do pai. o joão não via o alessandro desde o fim de junho, o que creio ser o recorde histórico dele sem ver o pai, mas pensando bem não é. já ficamos longe um mês quando o joão nasceu e o pai dele foi pra boston descolar um apartamento pra gente morar, depois passei férias com o joão em porto alegre durante o inverno, depois no verão. e o pai dele foi viajar para fazer um guia de viagem. puta merda. não lembrava das tantas vez

bahia roots - parte II

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filhos não costumam ouvir o que as mães falam. por isso viramos papagaios, e passamos os dias dizendo muitas vezes a mesma coisa. ora pois, na bahia não foi diferente. o joão concluiu que não lavar os pés no banho é uma boa ideia, e assim foi. até que dias antes de irmos embora, bingo! um bicho de pé infeccionado - sem detalhes, é claro, porque mais explicações seriam desagradáveis - e com bicho geográfico. eu acho muito aflitiva a ideia de um bicho no meu pé. agora um bicho que anda eu acho insuportável. e lá estava meu filho, na casa de uma médica, nossa anfitriã no litoral e no sertão baianos, que olhava os pés dele e dizia "ah, mas tem que lavar". horror dos horrores. e uma humilhação, claro, porque eu sou daquelas que tomam banho todos os dias. a coisa toda se resolveu de maneira mui simples. minha amiga chacha apareceu em casa (a dela) no final do expediente com um amigo. "esse é o cirurgião do hospital", disse ela animadíssima. e lá se foi ele dar uma olhada

bahia roots - parte I

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A mais bela de todas as viagens é o amor. Mas a melhor de todas as viagens é aquela que fazemos para dentro. ... consegui cumprir o que eu tinha combinado comigo. não fiz as contas, mas vou contar os dias no calendário agora: 32 dias de férias. ainda não acabou. temos ainda um dia. voltamos todos. os retornos são lentos. férias, viagens e ócio cansam. não tenho explicação. usei calça jeans duas ou três vezes. nenhum de nós acordou cedo. meus filhos não experimentaram frutas novas. a falta de ar foi pra indonésia, e eu não atendi o celular. nossos pés ficavam pretos, ou melhor, marrons. as crianças andaram 6km numa trilha. e meu filho desceu numa pedra enorme com muita água - meu lugar no céu está parcialmente garantido. inacreditavelmente ninguém engordou 6kg. também ninguém comeu carne de sol - as porções eram enormes e eu não tinha parceria. meu filho entendeu a diferença entre um resort e férias roots. e a todo tempo eles perguntam "o que é roots, mamãe?". na verdade, ning

o que é bom?

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eu ainda não acredito. mas a despressurização vai acontecendo devagarinho. eu surtei e escolhi prevaricar por 30 dias. T-R-I-N-T-A. pra quem nos últimos dez anos viajou para lugares conhecidos, carregando ora um filho, ora dois, trata-se de uma grande aventura. enorme. trabalhei feito uma mula jovem hoje, mas dirigi pouco. isso quer dizer que o dia foi muito, muito produtivo. e agora me sento alegremente para escrever montes de palavras, ilustradas por montes de fotos. estava saindo do escritório ontem, me despedindo e contando da minha viagem pra bahia, quando ele perguntou "por que você não manda seus filhos pra um acampamento e vai viajar sozinha?". ele não tem filhos. ainda bem. na hora não respondi, mas disse que achava um horror "terceirizar os filhos" - o que não tem nada a ver com o acampamento, pelamordedeus. não olhei pra cara dele pra ver, e nem sei se ele ouviu. mas saí do escritório pensando em como sou sortuda de gostar de viajar com os meus filhos, e

a primeira vez

eu sempre ouvia de amigas casadas e com filhos que eu pelo menos tinha folgas. claro que nessa conclusão minhas amigas não incluíam a "carga dobrada" que mães que criam filhos sozinhas têm. acordam sozinhas fazem o café da manhã sozinhas levam o filho pra escola buscam da escola e arrumam o almoço e coordenam as atividades fora da escola e dão o jantar e colocam na cama todos os dias. escrevo enquanto meu filho dança enrolado na toalha, todo molhado, e minha filha me pergunta como se escreve patricia. mas voltando às folgas sobre as quais falava, não há mais folgas. primeiro minha filha disse que não iria passar fins de semana na casa do pai. depois, meu filho falou o mesmo. eu acho que mulheres desenvolvem dispositivos chamados "vou dar conta" depois que dão à luz. sem esses dispositivos, jamais seríamos capazes, pais e mães, de dar conta do recado. neste momento os pequenos selvagens gritam e se jogam contra o sofá. a vida sem açúcar seria, definitivamente, mais c

por fora

dia desses recebi um e-mail engraçado. uma amiga me mandava o texto de alguém que tinha escrito sobre as vantagens de se namorar uma mãe solteira. li, achei engraçado, e respondi que tinha adorado. mas as vantagens de se namorar uma mãe solteira ficaram na minha cabeça. dizia o texto que ela, a tal da mãe solteira, "já tem filho", ou seja, não seria uma pessoa interessada num relacionamento só pra procriar. e que a tal também "já casou", ou seja, não ficaria pedindo o rapaz em casamento. bem, o fato é que eu tenho amigas que nunca casaram nem tiveram filhos e estão vivendo suas vidas felizes e faceiras. e conheço mulheres que tiveram filhos, se separaram, e depois casaram novamente e tiveram mais filhinhos. fiquei pensando e me dei conta de que o texto incomodava - a mim, claro - porque tratava a mãe solteira como uma espécie diferenciada. e depois de ter achado a tal da campanha do dia dos namorados muito divertida, achei um grande saco. ... tínhamos combinado o ja

a paciência é um músculo, mas às vezes dá cãimbra

uau, faz um século que não escrevo. falta de inspiração. mas eu adoro ser obsoleta (leia: ter um blogue e não escrever mui frequentemente). fui ver o que o houaiss diz: 1 que já não se usa; arcaico, antigo 2 fora de moda; ultrapassado, antiquado bem, o fato é que existem temas que não têm o MENOR apelo. e a paciência, pelamordedeus, é um deles. eu juro que eu adoraria ser uma pessoa feliz. não estou sendo cínica. penso naquelas mulheres cheirosas, bem penteadas, "bem lavadas", como disse o tom jobim, com o sorriso de quem não tem problemas, só soluções. sim, é fake, mas que maravilha! as que são casadas com homens belíssimos, então, nem se fala. aí fazem uma foto com as cabeças encostadinhas, aquele sorriso bem lindo, dentes brancos, uma lindeza. mas deve ter dado alguma coisa errada quando eu encarnei, e comigo nunca foi assim. quando eu era magérrima eu usava roupas imensas pra não mostrar o meu tamanho. e pior ainda, quando engordo não me importo. pra piorar, acho qu

a cozinha e o coração

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o dia tinha começado triste. tem dias que são assim. e aí você pode achar um horror ou ficar quieta e ver o que acontece. eu costumo achar um horror. odeio chorar antes das 10h. mas eu acordei e muito cedo estávamos chorando, meu filho e eu. ele chorou muito, e eu fiquei quieta, tentando ser uma estátua por fora, para ver o que acontecia por dentro. e então chorei com ele, porque vamos combinar que tem tristezas que devem ser compartilhadas. não brigamos, não gritamos. eu estava tentando entender o que ele queria dizer com as palavras que saíam da boca dele dançando uma polca. quando entendi, chorei e babei com ele. literalmente. mas quando as lágrimas secaram, o frio passou. e nós ficamos o dia todo em casa. fizemos almoço, pão integral, cookies de chocolate e brigadeiro. na verdade, passamos o sábado todo na cozinha. no outro dia, estávamos nos preparando para ir ao parque quando meu pequeno filho me perguntou se eu estava gostando do fim de semama. "você acha que está melhor do

voltamos de paris, ah ah ah

eu acordei e pensei, "hoje pode ser um dia feliz". e disse isso pra minha pequena família, composta pelo joãozinho, que tem 9 anos mas vocabulário de 15, e pela lica, que tem 6 e vocabulário de... hum..., 9 anos?, não estou certa. e assim passamos o dia. toda vez que eu ouvia palavras imundas ou ofensivas ou uma reclamação daquelas que só crianças são capazes de proferir, eu dizia "mas hoje nosso dia vai ser feliz". foi uma tática incrível, porque EU também tinha de me comprometer. e quando surtei dentro do carro e disse "ah, já que vocês não querem andar, vamos de carro, sem tomar esse sol gostoso, e vamos passar o dia trancados me casa e blablablá e vocês nem me ajudaram a lavar a louça", eu me calei de vergonha. depois eu pedi desculpas. porque tinha sido uma baita ideia irmos de carro às compras, porque as compras sempre me deixam cansada, eu não consigo me divertir em supermercados, e naquele dia não estava sendo diferente. então eu agradeci por eles

devagar, menina

não há nada com um dia após o outro, diria a minha avó. mas não há nada como um ano após o outro. eu adoro ficar mais velha. a-d-o-r-o. e hoje eu descobri, mais uma vez, por quê. uma das habilidades que todas as pessoas podem desenvolver depois de procriar é a flexibilidade. e eu não estou falando de cancelar um compromisso, ou marcar algo de última hora. estou falando de mudar COMPLETAMENTE o seu dia porque um filho adoeceu - exemplo light. e então hoje eu não fui nadar. em vez de mergulhar na piscina quentinha às 7am, nessa hora estava chegando à escola das crianças. meu filho pediu para levá-lo até a classe - houston, we have a problem. por milagre, não chegamos atrasados. ninguém queria sair da cama, e meu filho, em vez de fazer um desenho para o amigo com quem ele havia brigado de forma medieval no dia anterior, ficou lendo o caderno de esportes da folha de s. paulo. lovely. chegamos. os meus pequenos herdeiros foram para suas respectivas salas, eu tomei um cafezinho e parti. cheg