20 anos depois
20 anos depois, eu volto à praia onde eu costumava vir com o meu marido. tudo mudou tanto, mas ao mesmo tempo é familiar. em vez de uma casinha de madeira pequena e singela e abafada, uma casa de madeira pequena, mas ampla e arejada e cheia de luz, um banheiro com janelão para o mato e telhas de vidro no teto. sem TV sem som sem internet. um retiro acidental, com as crianças felizes, energizadas, livres. muitos livros num canto, redes na sala e na varanda, uma cozinha aberta para a sala, onde eu faço qualquer coisa para comer e que é sempre é motivo de alegria. a noite é escura, preta. e tem barulhos desconhecidos para nós, que moramos na cidade grande e cinza. de manhã, a claridade entra pelos buraquinhos entre as madeiras das venezianas (ou seriam persianas?). aí eu sei que já é hora de pular da cama pra ver o sol sair por detrás do grande morro ao pé do qual estamos. não, a casa não fica na beira da praia. para ver o mar, é preciso algum esforço. andamos por uma trilha linda, c...