apreciar ficar só é uma dádiva

acordei e olhei pelas frestas da porta do quarto, que estava fechada. vi que a luz do dia ainda era fraca. e eu estava certa. depois de anotar um sonho um pouco confuso, olhei no relógio do celular. eram 6h30. não sabia se hoje faria sol ou se seria um dia nublado. só sabia que seria um dia fresco como ontem. em que não usar meias pode ser um ato de coragem, mas usá-las pode dar calor. ao abrir as janelas enxerguei o céu azul. fugi para o parque. queria deixar meus pensamentos de lado, em casa, e vir sozinha ao parque tirar o mofo do corpo, dos meus órgãos, do meu olhar e da minha alma. mas meus pensamentos, teimosos, vieram comigo. a cidade virou uma cidade-fantasma. um domingo pós feriado na sexta é sempre uma alegria nesta cidade tão grande e tão cinza. seus moradores fogem rumo ao interior, ao mar ou às montanhas. eu fujo em direção a mim mesma. enquanto o sol esquenta o meu corpo, olho ao redor. aviões passam quase sobre a minha cabeça, quero-queros voam e cantam e algumas pes...