sobre a ânsia de nunca (querer) parar
"se a gente não atrapalhar, o corpo se regenera sozinho", escreveu minha tia em uma mensagem para mim. eu estava de cama havia dois dias. fui nocauteada, literalmente. uma dor de cabeça que durou um dia inteiro. dois dias de trabalho com um certo incômodo. até que num fim de tarde tive de desligar meu computador e deitar. e feito criança, senti um alívio quando, tarde da noite, vomitei. pronto, era isso. mas não era só isso. dormia e acordava e dormia e acordava com uma inquietação. de madrugada, morta de fome, cortei uma laranja, e me deliciei pensando que era a laranja mais deliciosa que experimentara. mas quando o dia clareou, a laranja também saiu pela boca e eu mudei de ideia. nenhuma febre, nenhuma dor, exceto de barriga e um pouco na cabeça. quando eu tenho de cuidar de alguém eu me sinto muito tranquila e digo para o enfermo que já vai passar. mas eu não conseguia dizer isso pra mim mesma. dados os sintomas, é claro que eu só tinha vomitado e estava fraca. mas não pas