brinquedo de menino

foi uma emoção quando compramos a televisão nova. até então, vivíamos com um aparelho daqueles minúsculos, cujo tamanho em polegadas eu ignoro. e então, na fase ó-como-a-vida-é-bela-e-como-nos-amamos, fomos montando nossa casa, tão grande pras pouquíssimas coisas que tínhamos. e uma das coisas que resolvemos comprar foi justamente uma bela e enorme TV.
duas mudanças, dois filhos e um divórcio depois, a TV começou a me parecer um pouco obsoleta. um número no canto superior esquerdo da tela nunca mais saiu dali - apesar dos esforços do meu filho, que tem uma intimidade assustadora com botões em geral. o canto inferior esquerdo ganhou uma suave mancha verde. o controle orginial há muito se perdeu, e eu comprei um daqueles universais, que custam uma fortuna e que têm tantas funções que jamais usarei nem 50% delas.
mas a ideia de comprar uma TV nova me aterrorizava. talvez por eu ser uma pessoa obsoleta, que liga a TV poucas vezes num mês. e também por achar que crianças têm mais o que fazer além de ficar sentadas num sofá com caras de bobas olhando pra tela colorida. mas toda vez que eu olhava a velhinha TV cinza, pesada e gigantesca, pensava que ela não presta tanto quanto já prestou.
mas comprar engenhocas eletrônicas - moças que discordam, me perdoam - é coisa de menino. e fui descobrir isso mais uma vez quando perguntei ao meu compadre o que eu deveria considerar ao fazer a compra. ele me falou, como quem fala como-o-dia-está-chuvoso-não?, que eu deveria comprar uma TV de led, não de lcd, no mínimo de 40 polegadas, pagar a mais pela assinatura da TV a cabo para ter uma imagem em HD (meu deus, será que era isso mesmo?) e buscar o aparelho mais em conta. era preciso barganhar, ele me disse, e fazer a compra por telefone, explicando que em tal lugar era mais barato e pedir desconto.
ai que preguiça.
passaram-se algumas semanas, talvez um mês, e eu criei coragem. fui a uma loja, olhei os tamanhos, e vim pra casa. pronto, só faltava escolher o modelo, a marca, a loja, pensando em parcelamento com ou sem juros, marcas em que confio, prazo para entrega. doeu menos do que eu esperava. fiz a compra - ia ligar, desisti no meio, fui num site, lembrei de outro, pum, confirmei a compra.
respirei aliviada quando pensei que meu compadre pode eventualmente ligar todos os fios que terão de ser conectados quando a caixa enorme for entregue na minha casa. uma pena a pessoa que mais gosta de assistir TV na casa estar de férias lá nos pampas, na casa dos avós que ele tanto ama.
mas faremos uma celebração quando ele voltar. mamãe-deixou-de-ser-obsoleta-por-15-minutos-e-comprou-uma-super-mega-blaster-TV.
ai meu deus.

Comentários

  1. Ah!Ah!Ah! Lá em casa também tem um trombolho desses que ficaram tão, tão antigos diante das telinhas finas! Mas está na nossa prioridade número 599 trocar a TV. A questão é que ela agora, além de velha, deu pra não funcionar. Precisa levar uns tapas pra parar de tremer. Pra quem já não tinha paciência pra ver TV...bem, o trombolho é quase um objeto decorativo retrô, mas de mal gosto! A questão é, vale consertar? Só tô imaginando a alegria do João quando chegar em casa! Bj e parabéns pela coragem, entendo totalmente tua preguiça,
    Dani

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

sobre a ânsia de nunca (querer) parar

a minha longa história com o dr. kong

o farol fechado e a pedestre boba (e feliz)