a ida, a volta, a festa

 a mala pesava 13,2kg. só com roupas de festa. o que inclui bolsas, sapatos, maquiagem e pashmina.
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do ônibus, uma placa indica "cidade". um conforto no coração. a cidade não é pequena, mas tem alma de cidade pequena. uma lindeza. as pessoas andam com calma, as calçadas são largas, limpas e planas, e há muitas e muitas casas de cem anos, lindas de morrer.
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eu nunca voei sem dormir, mas era uma causa nobre. achei que aeroportos estivessem fechados às 5h30. mas estão abertos. e com gente. o avião é novo. está muito vazio. deve ter umas 20 pessoas. eu morri de saudades do meu velho amor no baile. de quando a gente dançava e se amava, não tanto como eu gostaria, mas era um bom amor.
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homens pretos e brancos cheirosos passam na minha frente. meu nariz sente o cheiro bom e meus olhos veem homens belos. 
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"seu cabelo tá bom. não ficou aquela bolota de bruxa" disse minha filha, enquanto eu e ela íamos andando numa calçada perto de casa, voltando pra casa depois de um longo e frugal almoço. eu tinha acabado de lavar os cabelos, que mesmo assim seguiam mais lisos que o normal. deve ter sido ressaca dos fios com aquela chapinha bizarra com que o rapaz do salão fez cachos na minha cabeleira para eu ir ao baile 'com cara de quem saiu do banho e prendeu os cabelos', conforme eu o instruí e ele não entendeu ...
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sabe, eu tô com aquela dorzinha na nuca. não é dooor, é que incomoda, sabe? tchau, vai com deus, me disse a senhora gorducha, com rosto redondo e liso, que estava vendendo guarda-chuvas no farol. eu não queria nem olhar pra ela, mas ela foi chegando e, em vez de me oferecer um deles, me contou do seu incômodo na nuca. uma maravilha.
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a oma, minha avó querida, sempre dizia que viajar é bom, mas o melhor lugar é sempre a casa da gente. ô, se é.



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