he is 11
eu estava mui emocionada. tinha comprado uma mochila pra dar de presente a ele. e escrevi um cartão belíssimo. o bolo ele pediu que fosse sorvete. então às 6am cantamos parabéns, a lívia e eu. e eles devoraram o sorvete que havia sido colocado numa forma de bolo com fundo removível - napolitano, flocos no meio e napolitano de novo, tinha sido a instrução.
foi um dia cheio. pra mim e pra ele. eu fui pro escritório, e o joão, pra escola. depois ele tinha uma aula extra no começo da tarde, voltaria pra casa da escola sozinho de ônibus - o melhor presente que eu já dei na minha vida - e ainda iria pro inglês.
nos encontramos em casa no fim do dia. antes eu tinha ligado pra casa e tinha pedido que a santa nalva dissesse pra ele me ligar quando chegasse. eu não estava tensa, mas estava apreensiva. tensa uma mãe fica quando o filho vai atravessar a rua sozinho pela primeira vez.
ele me ligou um minuto depois. e só pelo "oi mãe" nem precisava dizer mais nada. ele estava feliz.
o dia do aniversário passou. e dois dias depois teve a festa.
o parabéns foi quente. suávamos e cantávamos. as crianças molhadas, ou do futebol, ou da piscina. todo mundo feliz.
e então eu me dei conta de que a felicidade que eu sentia era igual à que eu senti no dia em que o joão fez 1 ano. morávamos em boston, e eu passava o dia com ele. o pai fez um bolo maravilhoso de nozes, e quando cantamos parabéns nos demos conta de que nozes não se come nos estados unidos quando a criança é pequena. demos risada, ajudamos o joãozinho a apagar a única velinha do bolo, e eu lembro da emoção e do alívio de ver meu filho fazendo 1 ano - eu tinha sérias dúvidas de que daria conta de criar um filho.
passados 10 anos, me emocionei de novo, mas acho que de forma mais cavalar. criar um filho é a tarefa mais árdua das que eu conheço. mas também a mais bela. até porque pra criar você tem de aprender com a cria, o tempo todo, e sem parar.
depois da festa, entramos num ônibus rumo a belo horizonte. passamos o fim de semana entre mineiros adoráveis. e na volta, meu filho traçou um churrasco num posto de estrada. "tô adorando a minha janta. tá muito bom", ele disse, quando devorava o segundo prato.
no ônibus, ele olha pra mim e diz "vamos viajar mais de ônibus?, tô adorando a viagem". eu disse que sim, mas sem muita convicção. já adorei, mas agora acho um horror. como é bom ficar velha!
o grand finale foi no metrô. quase meia-noite, e a mãe mão de vaca acha que metrô é rápido e barato. aquela cena feia, ajudamos a mulher que foi visitar o marido, preso, com o bebê de 6 meses no colo, montes de gente com caras exaustas. descemos, seguimos pelas calçadas escuras e ermas, e ele aperta a minha mão e diz "você é parceira".
ele repetiu o que eu tinha dito a ele no ônibus, quando ainda era dia, e eu sabia que o nosso programa exigia coragem.
foi um dia cheio. pra mim e pra ele. eu fui pro escritório, e o joão, pra escola. depois ele tinha uma aula extra no começo da tarde, voltaria pra casa da escola sozinho de ônibus - o melhor presente que eu já dei na minha vida - e ainda iria pro inglês.
nos encontramos em casa no fim do dia. antes eu tinha ligado pra casa e tinha pedido que a santa nalva dissesse pra ele me ligar quando chegasse. eu não estava tensa, mas estava apreensiva. tensa uma mãe fica quando o filho vai atravessar a rua sozinho pela primeira vez.
ele me ligou um minuto depois. e só pelo "oi mãe" nem precisava dizer mais nada. ele estava feliz.
o dia do aniversário passou. e dois dias depois teve a festa.
tivemos de pular o muro. o portão não deveria ter sido fechado, mas esquecemos de avisar. então uma parte dos convidados teve de escalar para entrar, até chegar a dona da casa. que tinha ido à escola das crianças buscar uns dos 50 convidados.
a festa foi fabulosa. ainda tem gente no mundo que acha que somar é melhor do que dividir. então seis crianças comemoraram os 11 anos. tinha comida deliciosa. a irene e a nalva mandaram muito bem. fizeram suco de melancia e de limão, macarrão com molho branco e vermelho, depois pipoca e cachorro quente. lavaram tudo, serviram tudo, e ainda davam risada.
e então eu me dei conta de que a felicidade que eu sentia era igual à que eu senti no dia em que o joão fez 1 ano. morávamos em boston, e eu passava o dia com ele. o pai fez um bolo maravilhoso de nozes, e quando cantamos parabéns nos demos conta de que nozes não se come nos estados unidos quando a criança é pequena. demos risada, ajudamos o joãozinho a apagar a única velinha do bolo, e eu lembro da emoção e do alívio de ver meu filho fazendo 1 ano - eu tinha sérias dúvidas de que daria conta de criar um filho.
passados 10 anos, me emocionei de novo, mas acho que de forma mais cavalar. criar um filho é a tarefa mais árdua das que eu conheço. mas também a mais bela. até porque pra criar você tem de aprender com a cria, o tempo todo, e sem parar.
depois da festa, entramos num ônibus rumo a belo horizonte. passamos o fim de semana entre mineiros adoráveis. e na volta, meu filho traçou um churrasco num posto de estrada. "tô adorando a minha janta. tá muito bom", ele disse, quando devorava o segundo prato.
no ônibus, ele olha pra mim e diz "vamos viajar mais de ônibus?, tô adorando a viagem". eu disse que sim, mas sem muita convicção. já adorei, mas agora acho um horror. como é bom ficar velha!
o grand finale foi no metrô. quase meia-noite, e a mãe mão de vaca acha que metrô é rápido e barato. aquela cena feia, ajudamos a mulher que foi visitar o marido, preso, com o bebê de 6 meses no colo, montes de gente com caras exaustas. descemos, seguimos pelas calçadas escuras e ermas, e ele aperta a minha mão e diz "você é parceira".
ele repetiu o que eu tinha dito a ele no ônibus, quando ainda era dia, e eu sabia que o nosso programa exigia coragem.
Ai, Tita, chorei, muita emoção. Bj Dani
ResponderExcluirando bem louca escrevendo, dani. é pra celebrar. e pra curar da loucura também. da minha, é claro.
Excluirquero ser uma mãe igual a ti(ta)!
ResponderExcluirrúbia, nem sei o que dizer. tem aquela frase que eu amo, que diz que o contrário do medo é o amor. e assim tenho certeza de que o que importa é fazer as escolhas com o coração. o resto é bullshit.
ExcluirTita, meine Liebe, João Gabriel (e Lívia!) não poderiam ter maior sorte nessa vida do que serem filhos teus. Tua festa, tua viagem, a pulada de muro, a jornada no ônibus... tudo é muita poesia, que brota do dia-a-dia ordinário. Muito tocante tuas palavras. João está certíssimo: você é muito parceira. Wunderschön!!!
ResponderExcluirBeijoca, da Carlota
carlota querida, você me dá coragem. obrigada. preciso de muita!
ExcluirTita, claro que chorei. Adorei suas palavras. Este amor pelos nossos filhos é uma coisa incrível, assusta mas dá uma força, quando achamos que não temos mais energia, só de pensar neles renascemos para mais uma jornada.
ResponderExcluirParabéns Tita, seu trabalho com eles é sensacional. Esta conquista na relação com o João é tudo.bjs Cris
cris, foi a pulada de muro mais divertida de todas. até porque das outras eu não lembro!
Excluirobrigada pelas belas palavras.