(este texto foi escrito em janeiro, numa folha de papel. É a
sequência do post
Inéditos, escrito dois dias antes deste. Enjoy.)
Viajar com crianças é uma aventura. Elas são mais flexíveis
que a maioria dos adultos. Mais doces também. E mais alegres.
Desta vez, estou com três. Pela idade, são duas crianças e
um adolescente. Há pouco olhamos o velocímetro do carro, e desde que saímos de
casa já rodamos quase 1.800 km (1.790, acho).
Chegamos à última parada das férias, uma praia ainda
tranquila. A casa fica no pé de um morro, e não escutamos a música da casa
vizinha.
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voltando das compras na praia |
A moça do supermercado perguntou se era peixe o que eu queria
comprar na peixaria, quando pedi informações sobre a mais próxima. O rapaz que
acomodava as compras nas sacolas riu, e eu disse que queria comprar costela pra
um churrasco. E então ela, simpática, disse que se eu quisesse camarão, o pai
dela vendia. Era só seguir a estrada, e passando a bifurcação, entrar na 1ª rua
à direita. E parar na casa amarela. Como ele se chama?, perguntei. Fifica, ela
disse, e riu. “Todo mundo o conhece aqui na praia”, completou, para o meu
alívio. Eu nunca tinha conhecido alguém com esse apelido.
Nossa viagem começou com uma visita à casa do meu pai. Depois
uma visita à serra gaúcha, para comer muito e gastar muito dinheiro também. Depois
fomos aos cânions do Parque Nacional dos Aparados da Serra. Por fim, chegamos à
praia.
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pastel de camarão no restaurante becker, BR-101 rumo a porto alegre |
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cachorro-quente do rosário - uma insanidade muito apreciada por mim e outros gaúchos |
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salada de frutas da banca 40, mercado municipal de porto alegre |
Compramos o básico para uns dois dias. Pão francês, queijo e
manteiga, um saco de milho pra pipoca, duas latas de leite condensado para
fazer brigadeiro, verduras. Na peixaria, compramos três filés gigantes de
pescada que custaram R$ 9. E na estrada de paralelepípedo que liga a BR-101 à
praia compramos uma melancia verde e bem redondinha, quatro abacaxis e um melão
por R$ 45. Uma alegria. Tudo parece gostoso. Tudo dá vontade de comer.
As crianças estão exaustas. Elas querem fazer tudo. Trilhas,
fotos, cachoeiras, piscina, filmes, jogos. Dormir cedo? São férias! Acordar cedo?
Pra quê? Faltam horas de dia pra fazer tudo, e faltam horas à noite para
recuperar as energias gastas no dia.
Eu, que sou branca tipo fantasma, não dou conta de ir à
praia tarde. O que fazer com essas criaturas que querem tanto? E tudo?
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as gurias em gramado
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estradinha no caminho dos cânions |
Alegria, alegria. Quem inventou as férias, as viagens de
carro e o gosto por doces aventuras deve ter sido alguém muito legal, com quem
eu poderia compartilhar todos os dias da minha vida.
Praia da Guarda, 4 de janeiro de 2017.
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